segunda-feira, 31 de março de 2008

Em defesa do autor

Tenho recebido algumas críticas, e mesmo ameaças à minha integridade física, de alguns leitores exaustos de ler os meus posts. Parece que por serem gigantescos...
Opá, temos pena, mas a culpa não é minha! Que culpa tenho eu de ser um ser fascinante e cheio de coisas para dizer? Quem inventou estas bodegas de layouts é que devia acautelar poder escrever-se mais de três palavras por coluna!
Aguentem-se ou reneguem-me para sempre!
Tenho dito!
( he he he... Nada como um bom melodrama no final de um dia chato...)
(euh...bom,' tava a gozar, hein, não deixem o meu gatil às moscas.... vá lá, fiquem, fiquem!!! Chuif chuif)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Magnetismo


Sou uma miúda vaidosa. Admito. Gosto de fazer virar cabeças quando passo. É verdade. E por isso não podia deixar de partilhar o momento alto do meu dia, e que deixou várias pessoas a olhar para mim, com sorrisos de satisfação no rosto...
É que tem de facto muita piada estarmos a andar e, de repente, acontecer-nos o que retrata esta foto. Bom, bom, é não somente enfiar o salto na grelha, como tirar a própria grelha do chão, agarrada ao salto. Muito, muito bom é quando não se consegue tirar o salto da estuporada grelha. Ainda melhor é, quando finalmente se consegue, ainda ter de voltar atrás, de grelha na mão (sim, que a jeitosa ainda deu dois passos com grelha em suspenso), e repor a dita cuja no seu local de origem sob o olhar jocoso dos passageiros do metro. Muito pouco fashion!!!
O meu orgulho ainda está a recuperar...o meu salto também.
Agora, alguém me explica para que serve a porcaria da grelha que está no chão do metro? Agradecida!!!



terça-feira, 25 de março de 2008

Why me?! The return...

O Vício fez um comentário no meu post precedente, que reproduzo abaixo e que veio mesmo a calhar! Diz este nobre cavalheiro:
‘Aconselho-te a não deixar a Sasha ler o teu blog! ela pode levar em consideração a hipótese duma carreira futebolistica!’.

Caro Vício, não temas, que a Sasha Margarida tem mais futuro na construção civil. Bom, talvez mais na demolição civil. Eis o que restou da parede em casa da minha mãe, após o embate do bulldozer Amarelo - aka Sasha Margarida - na coluna da aparelhagem...

Aceitam-se donativos para contratação de um pedreiro...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Terapia para leoa agastada

Descobri que, se estiver a fazer ponto de cruz enquanto vejo os jogos do Sporting, os meus nervos saiem beneficiados. De facto, ter as mãos ocupadas é a única forma de reduzir o número de objectos furiosamente arremessados à televisão e os consequentes protestos da minha mãe, que até é a dona da casa! Eu não gosto de ver futebol sozinha, precisamente porque não tenho ninguém que me ouça a mandar vir e com quem trocar impressões pertinentes, como por exemplo:
Eu, 10 decibeis acima do normal: 'mas tu viste aquilo??? Aquilo é falta, para cartão!!!
Mãe: 'Filha, então, mas ele só tropeçou...'
Eu: 'Tropeçou mas foi porque o outro deu um pontapé para levantar a relva. É Falta!!!!! Ladrões!!!!! Se fosse o Porto o gajo ia para a rua!' Palhaços!!!!!
Ver futebol sozinha não tem piada nenhuma!
Por isso fui para casa da Micas, aproveitei a companhia dela, com a mana de bónus, adiantei o meu ponto de cruz do Natal (era para o Natal passado, mas isso agora não interessa nada), e correu tudo bem porque não lhe destruí mobiliário nenhum desta vez! :) ( não posso dizer o mesmo da Sasha Margarida, mas fica para outro post, quando tiver a foto do delito)
E depois tive miminhos quando, lívida, vejo aquele tonto do Izmailov a falhar a porcaria do penalty. (Caramba, mas aquela malta não treina lances livres?! Até a Sasha marcava melhor aquela porcaria! ).
D. Micas, como é que eu aguento isto sem ter uma apoplexia por semana????
Não percebo como é que uma equipa que está nos quartos de final da Taça Uefa não me ganha ao Vitória de Setúbal!
E eu até gosto do Vitória de Setúbal, pelo menos torço sempre por eles, especialmente se o adversário for o Porto ou o Benfica, mas, como direi... já me andam a irritar um bocado!
E já agora, não há ninguém que dê trabalho ao insuportável Mourinho, para ele ir para longe e me desamparar a loja? O homem dá azar desde que voltou para Setúbal! É a mística a funcionar ali para os lados do Bomfim. NÃO SE AGUENTA!!!!!
(PS: O quadro da imagem não é de minha autoria. Vou tratar de fazer um post de ponto cruz no meu outro sítio, a propósito...)

domingo, 23 de março de 2008

We will always have Paris...

Parafraseando o inesquecível Bogart em Casablanca, e espicaçada pelo Viajante, que me foi desencantar as minhas florinhas preferidas, as pâquerettes (espécie de malmequeres em miniatura, que cobriam de branco os tapetes de relva do jardim magnífico onde eu passeava com os meus pais aos fim da tarde e nos fim de semana, onde ia dar comida aos pombos, onde aprendi a andar de bicicleta, onde caí e esfolei os joelhos vezes sem conta), venho falar-vos da minha cidade luz. O Viajante fez-me recordar os meus verdes anos em Paris, e agora, lamento, mas vão ter de levar comigo. Qualquer reclamação, por favor tirar satisfações com quem me incutiu a ideia (que,bom, já estava a fermentar, mas que precisava do jump start para começar. Agora, ninguém me pára!)

Mas, por uma questão prática, vou dividir as minhas referências a Paris em capítulos. Ainda não sei muito bem como vou estruturar isto porque tenho esta desagradável mania de ir escrevendo ao sabor das teclas, e nunca sei bem onde me levarão os meus dedos inquietos e o meu cérebro hiperactivo. Só espero estar à altura da tarefa que é explicar o inexplicável, exprimir o inexprimível, que é o Amor Profundo por uma cidade. Há coisas que nos estão na alma. Para mim, Paris é uma delas.

PARIS I – Os verdes anos

Vivíamos num prédio de gente abastada (assim, tipo, podres de ricos, mesmo), em que cada apartamento tinha seguramente mais de 200m2. A minha mãe era ‘concierge’(porteira), e também fazia horas, a passar a ferro ou a lavar vidros, em casa das ‘Senhoras’. Senhoras com ‘S’ pois nunca houve ninguém naquele prédio que nos tratasse mal, ou que tivesse propósitos menos correctos só por sermos, obviamente, bastante mais pobres. ‘S’il vous plait’ e ‘Merci beaucoup’ eram palavras que sempre ouvi, nas situações mais corriqueiras, como um segurar na porta, ou chamar o elevador. As pessoas de berço são, de facto, outra coisa. Algumas mais simpáticas que outras, mas todas extremamente bem educados. Recordo-me de uma condessa que morava no 6º, que tinha um castelo no campo e que odiava crianças, talvez por nunca as ter tido. Há quem se proteja por detrás de uma couraça tecida de desprezo, para minimizar a dor. Seja como for, eu evitava ir com a minha mãe a casa dessa senhora, até porque era uma casa fria e austera, e eu também não gostava. Mas andava em casa de todas as outras. E, como era uma miúda gira e bem comportada, as senhoras achavam-me graça e levavam-me com os filhos delas ao jardim, a festas de aniversário, a jantar fora. Ainda me lembro da minha primeira visita a uma livraria, com a minha amiga Julie. Fiquei doida a olhar para a imensidão de livros! Lembro-me do meu primeiro teatro, com a Mme Fustier e os seus netos Guillaume e Céline, com quem ainda correspondo. Lembro-me da minha primeira sessão de desenhos animados num cinema: ‘Bernardo e Bianca’, com o Arnaud e o Laurent. Lembro-me de ‘tocar’ piano com a Julie, e ainda hoje, quando me lembro, vou buscar o meu Casio e relembro a melodia simples: mi mi mi mi ré dó mi mi mi mi, ré dó, pausa, pausa, mi mi... e depois quando as lições dela começaram a dar fruto, as cantilenas infantis 'Frère Jacques’ e ‘Au clair de la lune’. E eu, qual esponja, via-a tocar e ia absorvendo. Tenho muita pena de não ter aprendido a tocar piano, é uma das minhas muitas frustrações artistícas. O Casio treme quando eu pego nele, mas lá vou tirando umas harmonias. Fraquinhas, mas pronto…tenho ouvido e dedos irrequietos, não posso fazer nada.

Mas as minhas sáidas preferidas eram com os meus pais. Morávamos mesmo ao pé do Champ de Mars, que é um portento de relva e recantos de lagos e patos, que se estende desde a École Militaire até à Tour Eiffel.


Passeavamos pela lateral direita, rumo à torre de ferro, passando por debaixo dela com o pescoço quase colado às costas, a olhar para o túnel de de metal a desaguar no céu. Curiosamente, só lá subi, depois de adulta. Sempre a pé, porque me pelo de medo que um dos elevadores caia. Uma tortura, subir ao terceiro andar, onde já não podemos aceder pelas escadas...
Passar a ponte, passar para a outra margem do Sena, mas não sem antes olhar o carrossel (e babar, mas não havia dinheiro para muitas mariquices e eu sabia que não podia ser sempre. Mas os olhinhos brilavam!), que ainda hoje existe, e que me rasga um sorriso na cara assim que o avisto a rodar, cheio de cavalos coloridos. Adoro este carrossel… mas sem a massa humana desta foto, que foi a única que arranjei assim à pressão.

(Sou muito egoista: quando aprecio qualquer coisa quero que essa coisa exista só para mim, ou para um grupo restrito com quem eu possa trocar um olhar cúmplice ou um comentário pertinente. Fujo da multidão como da peste, e fico contrariada se está muita gente nos sítios que quero visitar. Não é por nada, mas perturbam-me. Quebram a magia. Distraiem-me do essencial, impedem-me de desfrutar ao máximo, de tocar, de cheirar, de usar todos os sentidos, já que me poluem os dois principais, visão e audição)

E depois regressar, passando pelo Trocadéro e os seus jogos de água.

Tenho esta foto, que arrisco partilhar, porque nunca mais tive fotos de felicidade pura. Aqui estou, com cinco ou seis anos, no Trocadéro, num dia bonito em que o meu pai me levou a passear e fez uma sessão de fotos da sua menina. Era muita gira, não era? (entretanto estraguei.me mas isso agora também não interessa nada!)

Mas o passeio só ficava completo com a sacramental alimentação dos pombos e pardais. A minha mãe dava-me pão duro amolecido em água morna, e lá ia eu toda feliz, com o meu saquinho de pão. Fixava um sítio, sem nunca pisar a relva, e começava a mandar pão para o ar. Depressa ficava rodeada de pardais e pombos e a minha alegria era esfusiante quando eles esvoaçavam e me pousavam na mão, para comer o pedaço de pão que eu levantava no ar.

Outra variante dos passeios de fim de tarde eram os burrinhos. Adorava dar uma voltinha de burro ou de poney, e, mesmo que não fosse andar, queria sempre passar por lá para fazer festinhas à bicharada toda. O senhor já me achava piada, sempre ali de volta dele, e suspeito que me terá deixado andar umas quantas vezes de borla.

Havia também o ‘Guignol’, uma marioneta. Julgo que aqui é conhecido pelo ‘Roberto’.

Era o máximo, as sessões às três, com os meninos todos sentados no chão, a vibrar com o espectáculo, a participar, gritando para o Guignol ter cuidado com o ‘mau’ encapuçado, que ele não via, por estar de costas. Depois os aplausos no final, e a correria para ir ter com os pais, à espera cá fora. Com sorte, havia uma paragem na barraca do algodão doce, ou uma volta nos burrinhos...

O tempo em Paris corria devagar. Havia tempo para tudo. Os meus pais trabalhavam imenso, mas não me lembro de alguma vez ter deixado de ter a atenção deles. Andava sempre colada à minha mãe, a fazer asneiras, como pôr gesso de um jogo de moldagem que eu tinha, na fechadura e obrigar à sua substituição. Ou fazer birra porque queria um crocodilo bébé, numa altura em que houve uma febre destas em França, e que acabou por criar um mito urbano de que os esgotos de Paris estão povoados destes crocodilos comprados em bébés, e cujo destino foi, alegadamente, uma descarga de autoclismo. Se é verdade ou não, não sei, mas que andei dias a fio a namorar os bébés crocodilo na montra da loja, lá isso andei...De qualquer forma, não me aproximaria muito dos esgotos...

Lembro-me que o meu pai me chamava para ver o funcionamento do gira discos, e ficavamos a ouvir discos, eu sempre à espera que um acabasse para ter a honra suprema de manejar o aparelho. Depois tive o meu próprio gira-discos, um ‘mange disque’, literalmente um ‘come-discos’, por se enfiar o disco por uma ranhura e se deixar de o ver! Tinha os meus discos de contos infantis, todos com banda sonora de música clássica. ‘O patinho feio’, por exemplo, tinha como fundo ‘O Lago dos Cisnes’ de Tchaikovsky. Lembro-me de chorar horrores quando o expulsaram da comunidade de patos e ele ficou sozinho à beira do lago, miseravelmente infeliz. A música em crescendo, a voz quente e triste do narrador, tudo se conjugava para arrancar soluços às paredes. ‘A Ilha do Tesouro’, ‘O Polegarzinho’, ‘O Barba Azul’, ‘A pequena Sereia’… Grimm, Andersen, todos os contos e mais algum. Eu amava os meus contos musicados. Ainda os tenho a todos! Que pena tenho das pobres crianças de hoje que têm o Ruca e outros bonecos abichanados e parvinhos como referência suprema!

Que pena tenho que o francês seja sempre uma língua opcional e que tão poucos tenham o privilégio de entender as palavras maravilhosas que se escrevem nesta língua tão rica.
Eu sei que sou tendenciosa, mas se todos pudessem compreender o texto da música com que me vou despedir, talvez se deixassem cativar por esta cultura riquíssima. Ouçam, que vale a pena. Se não perceberem a letra, sigam a melodia. Se esta não vos cativar, deixem-se embalar pela voz quente de Monsieur Yves Montand. Se um dia eu pudesse mexer com uma plateia como este, e outros Senhores da música, fizeram e fazem, seria uma mulher feliz!


Oh! Je voudrais tant que tu te souviennesdes jours heureux où nour étions amis

En ce temps-là la vie était plus belleet le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle...Tu vois je n'ai pas oublié

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle

les souvenirs et les regrets aussi

et le vent du nord les emporte

dans la nuit froide de l'oubli

Tu vois je n'ai pas oublié

la chanson que tu me chantais

C'est une chanson qui nous ressemble

Toi tu m'aimaiset je t'aimais

Et nous vivions tous deux ensemble

toi qui m'aimaiset que j'aimais

Mais la vie sépare ceux qui s'aiment

tout doucement sans faire de bruit

et la mer efface sur le sable

les pas des amants désunis...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Velhos são os trapos

'Querida Luísa,
Pedi à Rosinha, a menina do super, que escrevesse esta carta. Bem sabes que os meus olhos já nem isso me deixam fazer. E ela tem mais jeito…
Espero que o António esteja bem, e os teus filhos também. Eu cá vou indo, cada vez mais triste, com saudades da minha casa e do meu quintal. A laranjeira já deve ter florido, deve ser um cheirinho…Olha, vai lá, e apanha quantas laranjas quiseres. Não as deixes apodrecer! A Anita já me disse que tão cedo não vamos lá, sempre com os seus maus modos. Até parece que me tem raiva…Lembras-te? Dos cinco, ela sempre foi a mais seca. E agora, foi com ela que fiquei. Não me trata mal, dá-me comida, veste-me e dá-me os remédios, mas não tem uma palavra amiga. Sinto-me a mais aqui. E não gosto deste apartamento, sinto-me presa. E se vou à janela, é um barulho de carros e pessoas que até tenho medo.
Ai Luísa, que falta me faz o meu Manuel. Se não me tem morrido, ainda estava aí, junto a vós, a tratar das minhas coisinhas. Que ele tomava conta de mim e guiava-me nos meus dias sem luz, com ternura e sem me fazer sentir um fardo. Eu só queria voltar para a minha casinha.
Recebe um beijo e muitas saudades desta tua amiga,
Maria de Lurdes'


Este foi o texto que li na aula de escrita criativa de segunda feira. Banalíssimo, dirão, com razão. Pelo menos eu não estava nada à espera que a minha ‘Maria de Lurdes’ inventada à pressão, nos poucos minutos que temos para construir um texto com as directrizes do formador, fosse dar origem a um post. Não fossem duas colegas de curso me ‘repreenderem’ no fim da aula porque as comovi com a minha velhinha cega e triste, e eu provavelmente não mais pensaria na Maria de Lurdes e na sua pouco ternurenta filha, Anita.
Mas fiquei a pensar, na verdade. Quantas vezes não somos confrontados com a tristeza dos ‘velhos’, sem a compreender na totalidade? Poderemos algum dia assimilar a dor que deve sentir uma pessoa que se vê incapaz de tomar conta de si, e, ou é ‘empurrada’ para casa dos filhos, uma semana aqui, outra semana ali - sim que há filhos que fazem questão de contabilizar, ao minuto, o tempo passado a cuidar do progenitor para dividir o ‘fardo’ irmamente – ou é mandada para um lar, para ai definhar aos poucos? Já visitei alguns familiares de familiares que foram para lares e fiquei chocada(não vou fazer juizos de valor, mas é facto que por vezes não é possível, ou melhor, não se arranja facilmente outra solução, especialmente se os idosos estão doentes, ou acamados. É evidente que precisam de cuidados exclusivos e, nesse caso, um lar é, em teoria, melhor do que ficar sozinho em casa até o agregado voltar do trabalho). Chocada, não só pelas condições em que alguns lares funcionam (este era assim), com camas improvisadas em corredores, ou cozinhas, mas essencialmente pela sensação de depósito de pré cadaveres. Desculparão a crueza, mas o que vi foi isso mesmo: velhinhos deitados, ou sentados (os que ainda têm força), com o olhar no vazio, à espera do dia da mais longa viagem.
Impressiona-me também a forma como são tratados: como débeis mentais, ‘ai que o menino tem de comer a papa senão eu zango-me com o menino’. Talvez as assistentes vejam isto como uma demonstração de carinho, mas suponho que os velhinhos, cujo único problema será porventura estar um pouco esquecidos, ou tremer as mãos e não ter os reflexos de outrora, se sentirão, no seu íntimo, humilhados, postos de parte e inúteis. Em vez de estimulá-los, desmoralizam-nos. Fazem-nos baixar os braços. Morrer mais depressa. Isto revolta-me profundamente. A forma como a velhice é encarada, como uma coisa que envergonhe os mais novos, e mais válidos. Como se se sentissem ‘ameaçados’ por este vislumbrar de um possível desfecho para os seus, ainda vigorosos, anos de vida. Como se esconder a velhice, trancá-la a sete chaves, longe dos olhares do mundo, pudesse evitar o processo. Sinto um aperto no coração quando vejo como são tratados os velhinhos doentes. Como lixo. Sinto muito se choco alguém. É assim. Os lares, os hospitais, tudo igual. Os velhinhos são tontos inconsequentes, que só chateiam. Tive, infelizmente, de conhecer esta dura realidade. Há uns anos, o meu avô sofreu um AVC e esteve internado em S. José, numa cama numa sala vazia, porque só cabia mesmo a cama dele . Não sei se seria um vão de escada, mas era muito apertado. Recordo-me que ele estava entubado, mas consciente, e que chorou quando nos viu, mas não conseguia falar. Recordo-me de ter chorado horrores ao ver o desespero nos olhos dele, por não conseguir comunicar connosco (aliás, escrevo estas linhas com as lágrimas a escorrer), a solidão, a vontade de querer sair dali. Morreu poucos dias depois, sozinho no seu quartinho miserável, sem ninguém que lhe segurasse a mão, sem ninguém que lhe desejasse boa viagem e o acompanhasse naquele momento…
Há dois anos, perdi um tio muito querido, em circunstâncias parecidas. As enfermeiras do hospital da Guarda, habituadas como todo o pessoal médico a ser desprendido, já não se compadecem com os queixumes. Na sala onde o meu tio estava, outros cinco velhinhos estavam deitados, meio alheios, uns com visitas carinhosas, outros absolutamente sós, à espera apenas… o meu tio quase já não tinha forças para falar mas estava lúcido, e pedia por favor que lhe compusessem a fralda porque lhe estava muito apertada e a magoá-lo. Teremos nós a real dimensão do desespero que deve sentir um homem, em tempos forte e autoritário, que pede em surdina à sobrinha que lhe chame alguém para lhe ver a fralda que lhe está a magoar ‘as partes’, como ele dizia. Terão noção do sentimento de impotência que sente quem recebe tal pedido, e vai a correr chamar uma enfermeira, que lhe diz com arrogância ‘ agora é a mudança de turno, já lá vamos’. E que perante a insistência ‘ele está muito queixoso, doi-lhe muito’, responde, já virando costas,’ Eles dizem todos a mesma coisa, doi-lhes sempre qualquer coisa’. Fiquei tão chocada que nem tive reacção. A correcta seria, obviamente, partir-lhe a cara, para ver se lhe doia ou não, mas nem me lembrei disso. Foi uma auxiliar de limpeza que assistiu à conversa que me levou pelo braço dizendo ‘menina, deixe estar que eu trato disso, assim que acabar a visita eu vou ver o seu tio, prometo-lhe’. Se foi ou não, não sei. Não pude perguntar ao meu tio porque ele morreu nessa mesma noite.

Escrevo este post em homenagem aos velhinhos que perdi, e de quem tenho saudades imensas. Honremos os nossos idosos, apreciemo-los enquanto cá estão, e ao ritmo deles, embora com infinita paciência, façamos com que se sintam amados, ensinemos-lhes coisas, sentemo-nos a ouvir as histórias que nos contam, de tempos antigos que já nem conseguimos imaginar como sendo reais.

Há tanto para fazer em termos de melhoria da qualidade de vida dos nossos séniores…ainda acalento o sonho de um dia, quando tiver tempo disponível, dispender algumas horas a fazer trabalhos manuais com velhinhos, para os ocupar, inventar umas actividades leves, mas que os estimulem, para não os deixar definhar numa cama ou num cadeirão. Gostava de ver mais lares e hospitais preocupados com a saúde emocional dos velhinhos de que cuidam. Gostava de ver mais respeito para com os velhinhos. Gostava de ver mais velhinhos felizes e menos velhinhos conformados.
Gostava mesmo.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Why Me?!


Pedi à Sasha Margarida que fizesse uma pose, no seu ar mais desgraçado do mundo...
Não está linda?
Quase lhe perdoo a forma 'simpática' como me acordou esta manhã: com uma cabeçada no nariz, para chamar a minha atenção. Depois, quando a obteve e, quando eu estava, penosamente, a tentar abrir os olhos e acordar para a dura realidade de segunda feira, e prestes a estender a mão para a saudação matinal na sua cabeçorra imensa, Sasha Margarida olha-me nos olhos, baixa a cabeça... e vomita no meu tapete!!!!!
ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!
(para quem quiser explorar a faceta ' a gaja deve ser muita feia ao acordar, até a cadela vomita', esteja à vontadinha... Eu cá ainda estou em estado de choque de ter de começar o dia com Karpex e um paninho, a esfregar o meu lindo tapete verde tília.)

domingo, 16 de março de 2008

Safira em seis capítulos

A Carracinha já veio aqui reclamar (e com razão) que eu não lhe respondia ao desafio. Assim, para júbilo de muitas das pessoas que têm alguma curiosidade em saber algo mais sobre o bicho estranho que se esconde por trás deste nick tão pomposo, e que, não desfazendo, até é uma jóia de moça, aqui ficam seis coisitas que têm a ver comigo:
  1. Melancolia: é uma palavra de que gosto muito, e que tem muito a ver comigo. Sou, por natureza, por karma cósmico, por conjugação astral, sei lá eu porquê, uma pessoa melancólica. Não sou triste, apesar de estar muitas vezes triste, por motivos diversos, mas tenho sempre um 'je ne sais quoi' comigo, que faz com que tenha aquele veú no olhar...se calhar pareça mais triste do que estou no momento. Mas a melancolia decorre sem dúvida do ponto nº 2, também...
  2. Sonhar acordada: Sempre. Na minha cabeça correm filmes inninterruptos, a mil à hora... Diálogos que não tive com pessoas que já não fazem parte da minha vida, diálogos que terei com pessoas que ainda não conheço. Eu a cantar no Olympia (right!!!), eu a casar num veleiro (duplo right), eu a embalar os meus bébés (triplo right!!!!), eu a bater no médico de família (um anormal!!!) porque me obriga a estar um mês à espera de consulta para me passar as credenciais para os exames que o meu generalista me passou. Sonho muito, e antecipo muito. Depois, como já vivi as situações intensamente na minha cabeça, se por acaso acontecem, já não dispendo o esforço que elas se calhar pediam...o que é mau, por um lado, porque se calhar isso quer dizer que acho menos piada ao real do que ao fantasiado, mas que, por outro, me impede de ir para a cadeia por agressão física a muitas pessoas.
  3. Agressividade latente: Detesto conflitos, e vou engolindo sapos até poder. Mas, quando chega o limite, posso ser extremamente desagradável. Suponho que, para mim, o ataque é a melhor defesa. Como sou muito sensível, assim que sinto que qualquer coisa me vai magoar, ponho a armadura e 'mordo'. Mas aviso sempre primeiro. Mas é um processo muito lento, e raramente se vê. Sou pacífica, na maior parte das vezes, e é preciso muito para deitar as garras de fora. Excepções que me levam a passar de imediato e a partir para a violência se não me segurarem: magoarem alguém que eu ame, maltratar um animal à minha frente. Não aconselho! É que me passo, mesmo. Uma vez, um ex teve de me agarrar porque eu fui tirar satisfações a um anormal que estava a atirar um cachorro pastor alemão para o chão, repetidamente. Levantava-o, e atirava-o para o chão, para a neve fria. Porquê? Porque era uma besta, obviamente. É uma coisa que me assusta, esta suspeita de que, se um dia me passo à séria, e que não tenha ninguém que me impeça, poder fisicamente magoar uma pessoa, para além de me magoar a mim, fraca figura que sou. Mas, claramente, não sou de enterrar a cabeça na areia e fingir que não vejo. Tenho sangue a mais na guelra.
  4. Expressividade: Faço montanhas de caretas. Quando for velha vou ter a testa cheia de rugas!!! Ele é franzir o sobrolho quando me estão a contar uma história que me está a aborrecer, ele é revirar os olhos quando me impaciento, ele é rosnar no metro quando alguém se encosta demais a mim...não consigo disfarçar nada. impávida e serena, não é uma expressão que se aplique a mim. A minha expressão facial e corporal trai-me sempre! Se recebo uma boa notícia, grito e pulo, esteja onde estiver (ex: no meio do expediente, no meu primeiro ano de trabalho, quando recebo o telefonema a dizer a minha última nota = fim do curso. levantei-me, e aos berros, com director e patrão na sala, fiz a minha dança do 'acabei o curso' (algo entre o bailinho da madeira e um hip hop manhoso). Se estou de mau humor, vê-se logo. Se estou irritada, um olhar basta para o anunciar ao mundo. Se estou triste, então, é muito mais fácil: nunca disfarço as lágrimas a cair. Isto porque...ver ponto 5
  5. Sou uma chorona. Mas assim, maricas, maricas. Choro por tudo e por nada, e em qualquer lugar. Funciono muito por vagas de emoção, e quando ela se torna mais forte, acabou! pimba, abro a torneira! Mas não quer dizer que seja só tristeza. Não! Choro até mais de alegria, ou quando algo me toca muito fundo, do que por estar triste. Choro com o chilrear dos pássaros, choro com uma paisagem bonita, choro ao ver uma criança a brincar ( se estiver a jogar à bola com o pai, então é uma miséria), choro quando o Sporting perde, choro quando o Sporting ganha, choro ao ouvir certas áreas de ópera, choro ao ver o Paul Potts realizar o seu sonho, contra todas as probabilidades (aquele moço que ganhou o Ídolos em Inglaterra com uma Área de ópera), choro quando vejo desgraças, choro quando vejo sofrimento, choro quando vejo cães e gatos abandonados nos canis, a espreitar por entre as grades, quando alguém se aproxima, como a dizer 'pick me'!! Choro com a Anatomia de Grey, choro com romances impossíveis, choro quando me morre uma planta. Enfim, sofro de hiperactividade do saco lacrimal aliada a um coração mole, mole, mole!!! Às vezes é seca, quando estou a conversar com alguém e começo a lacrimejar!
  6. Dualidade ( sem querer plagiar o blogue do J e do N): Sou muito inconstante. Passo de um estado de alegria à tristeza num piscar de olhos. E sim, sei que isso é sintoma de doença bipolar ou esquizofenia, mas até ver, é mesmo só porque é uma característica do meu signo. Os peixes são, por natureza, duais... indecisos, sempre a navegarem contra a maré ou deixando-se ir na onda. Não sei explicar porquê, é mesmo assim. Basta uma coisinha mínima para fazer bascular o pêndulo, para um ou outro lado. Por isso, posso ser vista como excêntrica: um dia sou um mono chorão, sem ânimo para nada, no outro estou calada, embrenhada nos meus pensamentos, no outro a disparar bocas sarcásticas ao meu redor, no outro a seguir, sou um poço de energia e nada me pára. Ando sempre a oscilar entre o bobo da corte e o Pierrot, entre Lara Croft (forte e independente) e a Rapunzel, mariquinhas presa numa torre à espera do príncipe (Só que não sou loura, nem tenho o cabelo comprido. Bom, nem sou parecida com a Angelina Jolie. Mas assim tipo, em lado nenhum !!:().
  7. Eu sei que eram só seis, mas não posso deixar isto sem rematar com qualquer coisa de bom, quando não fogem-me todos a sete pés! Considerem um bónus. Sou amiga do meu amigo, preocupo-me sempre em não magoar as pessoas, muitas vezes, em detrimento dos meus próprios sentimentos, sou generosa (no sentido em que gosto muito de fazer surpresas e estou sempre a magicar formas de dar miminhos aos outros, por acções, porque tenho muita dificuldade em dizer coisas tão básicas como 'gosto muito de ti', não sei porquê, é assim mesmo). Estou sempre disposta para a palhaçada, desde que num círculo restrito, não gosto de dar estrilho. Acho que se pode contar comigo numa crise. Ou fora dela, apesar de não andar sempre aos beijos a toda a gente, as pessoas que estão próximas sabem que estão mesmo 'cá dentro'. Gosto de música e de animais, e por isso, sou basicamente, uma pessoa decente. Espero eu... ;)

Pronto, e agora vou almoçar, que está tudo à minha espera e eu prezo muito a pontualidade. Além disso, não quero que isto fique a parecer um anúncio para um site de encontros!!! (não que resultasse, porque definitavemente, depois disto, ninguém me pega!!!) LOL!!!!!

Beijos grandes!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Miscelania...

É de Paixão que vos quero falar hoje.
Da paixão que nos move. Que nos leva a agir, que nos faz levantar a cada dia com um espírito renovado e combativo. A Paixão que nos faz sentir vivos.

Quando se fala em Paixão, a tendência frequente é de pensar na paixão romântica. A paixão romântica também é muito boa, decerto, mas tem a desagradável mania de, passado algum tempo, desvanecer-se, podendo, nos casos de sorte, transformar-se em Amor, mais ou menos profundo, e nos casos que correm menos bem, em desencanto, também mais ou menos profundo. Mas não é desta paixão de que vos quero falar. É da outra. Aquela que nos vem de dentro, independentemente de ter um ‘objecto’ de culto palpável ou não, aquela que não sabemos explicar. Aquela que se baseia nas nossas crenças profundas, e que nos faz abraçar uma causa, um trabalho, um clube, um hobby... Em suma: que nos leva a combater o estado de semi coma que caracteriza o mundo de hoje, onde a maior parte das pessoas não tem tempo para muito mais do que tentar manter-se vivo, ao nível mais básico das necessidades vitais: comer, beber, dormir.

Também ando desapaixonada, ultimamente... e este post surge-me naturalmente depois de ontem não ter vibrado, como esperaria, com a vitória do Sporting. Fiquei preocupada.
‘Parvoíce’, dirão alguns. Pode ser que sim. Mas fiquei a matutar...

O Sporting foi, desde muito cedo, uma paixão. Não quero transformar este post numa ode ao meu clube, mas, por desabafo meramente académico, retenhamos o seguinte.
Cresci durante a fase menos boa do Sporting, que durou, como toda a gente sabe, 18 anos. Fui gozada, anos a fio, por familiares e amigos, porque não ganhávamos nada. Nunca desisti do meu Sporting. Ser do Sporting também me ensinou a ser paciente, a perseverar, a pensar com entusiasmo ‘para o ano é que é’. Nunca esquecerei o primeiro ano em que vi o Sporting ser sagrado campeão nacional. Retenho uma imagem para sempre: eu a entrar na segunda circular, com o meu emblema orgulhosamente pendurado no espelho, e um absoluto desconhecido, também ele do Sporting, a ceder-me passagem, mostrando-me um polegar enfaticamente erguido e um sorriso de orelha a orelha. Não me esqueço da alegria profunda e inexplicável que sentia nesses dias. Parecia que tudo o que de mau acontecia não chegava para abafar o meu contentamento e optimismo.
Assim como não esqueço a campanha da UEFA do Sporting em 2004/2005, em que num jogo absolutamente inesquecível, contra o AZ Alkmar, contra todas as probabilidades, no último minuto do prolongamento, quando eu e a minha irmã já chorávamos (pois choro, pois choro! E depois???), o Miguel Garcia surge, qual Lancelot de chuteiras, e marca o golo que nos levaria à final. Esse foi, seguramente, um momento muito, muito forte. Nunca mais me esquecerei da cara do meu cunhado, sentado no sofá a olhar para a noiva dele (na altura) e futura cunhada, como se estas duas criaturas fossem de marte, enquanto elas berravam como loucas, e choravam, e riam, e choravam outra vez. Tudo isto com a Sasha Margarida aos saltos e a ladrar. Foi o verdadeiro pandemónio, apesar das tentativas da minha pobre mãe para nos acalmar.
É essa a magia do Sporting para mim: consegue levar-me, a mim que sou reservada e calma no dia a dia, à pura euforia. Fico doida, mas mais importante, sinto-me feliz!

Por isso, ontem fiquei preocupada quando não me senti por aí além feliz... Ok, ganhámos... Fixe... bom, vou ver os ‘Ossos’ na Fox.

Matutei no assunto quando me fui deitar e comecei a fazer balanços. Má ideia, especialmente em final de semana...pensei, por momentos, que o meu Sporting já não conta para me energizar e combater as agruras do dia. Pensei, por momentos, que estava mesmo completamente desapaixonada...Mas depois, com mais frieza, concluí que não é nada disso. Os meus dias só são ensombrados pelo Planeta Desânimo, regente da minha área laboral, que me está a envenenar a existência e a drenar-me as forças e a minar-me a disposição para todo o resto. Urge mandar uma ogiva nuclear a este Planeta, e ir buscar vida inteligível noutro sítio qualquer!

Acordei com a rabuja, e só rasguei a boca num sorriso ao ver um ratinho a passar nos carris do metro, em Entrecampos. Aposto que toda a gente deve ter achado que eu era maluca, a sorrir para os carris do metro... É o que devem estar a pensar se resistiram até ao final deste post... que eu sou uma lagartona maluca. Não faz mal, eu também questiono a minha sanidade mental várias vezes por dia... acho que faz parte.

O meu professor do curso de escrita criativa diz sempre que se deve fechar o texto com uma ideia resumo, ou uma frase forte. A mim só me ocorre dizer
‘Viva o Sporting!’.

Bom fim de semana :)

PS: não sei se repararam, mas acabei por só falar do Sporting, mesmo... Dahhhhhh!!!
PPS: e vamos ganhar ao Glasgow Rangers, pois então!!!!



terça-feira, 11 de março de 2008

Vou matar o meu gato!!!!


Vejam estes lindos Crocus floridos ( foto sacadada net). Reparem na sua folhagem alegre, e flores encantadoras...
Pensem no encanto que é olhar para um vaso cheio de alegres florinhas, saudando a primavera, que está quase, quase a chegar...
Pensem na tranquilidade e paz que estas florinhas trariam, no final de um dia cansativo, a aturar gente imbecil...

Um vasinho de lindos crocus amarelos é aquilo a que as pessoas que não têm gatos mal comportados podem almejar.




Já eu tenho isto....



E 'isto' o que será?- perguntam os leitores, enojados...
Pois 'isto' é o que sobrou dos meus rebentos de Crocus, após passagem do furacão 'Gato Gil' (esse gato amarelo e branco que está enroscado na minha mimoseira, na foto na barra lateral)
Acham isto normal?????

O meu coração sangra... o rabo dele também sangraria se o tivesse apanhado em flagrante!

Gato Gil, estás de castigo!!!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Pergunta 'istúpida'


Somos 4 numa sala (três meninas e um cavalheiro) e, volta e meia, temos conversas verdadeiramente parvas.


Hoje não foi excepção, mas da conversa (parva) surgiu-nos uma dúvida (istúpida): nos filmes de cowboys, nunca se vê um índio com barba. (Don't ask, nem sempre podemos escolher os temas, mas qualquer um serve para gastar uns minutos a não trabalhar). Portanto, a pergunta que se nos assomou ao espírito foi mesmo essa: os índios têm ou não têm barba?


Após debate aceso, e consulta à wikipedia, é com grato prazer que vos informo que não. Os índios americanos têm geneticamente pouco pelo facial, assim como os asiáticos. É caso para dizer, olha a sorte das índias, que não têm de fazer o buço!


(este foi sem dúvida o post mais miserável da minha curta carreira bloguística... fico sempre assim quando o Sporting perde vergonhasamente)

domingo, 9 de março de 2008

Happy Birthday to me!!!!!

Há 36 anos atrás, era quinta feira...A minha mãe diz que estava sol, na linda cidade que me viu nascer. Paris, cidade luz, que me deu a primeira luz. Qualquer dia falo-vos de Paris...
Fui a primeira, a desejada, após alguns episódios menos felizes, de que não queremos falar hoje.
Hoje festeja-se o meu dia. O dia mais importante da minha vida, o dia em que iluminei de sorrisos , a face linda da minha Mãe e o semblante sisudo do meu Pai! Este é também o dia deles, e se apenas a minha mãe pode receber ao vivo o abraço apertado que lhe vou dar daqui a pouco, para os dois vão o meu beijo profundo e eterna gratidão, por tudo o que me deram e ensinaram.
Está um dia farrusco, mas não faz mal. Quer dizer, não acho bem os elementos conspirarem contra mim e chover quando tenho um sapatinho lindo para estrear, mas não será certamente a chuva que me irá desmoralizar. Porque eu ADORO o dia do meu aniversário. Não tenho outra razão, nem explicação, que não esta: Porque sim!!! ADORO soprar as velas (vá lá que estou em forma, que o folego já vai tendo de ser maior), ADORO apalpar os presentes tentando adivinhar o que são, ADORO ouvir a minha família a tentar cantar o 'parabéns a você' todos ao mesmo tempo e no mesmo tom (pode ser que seja este ano!), ADORO passar o dia colada ao telemóvel, com os amigos todos a darem-me um miminho especial. E devo ADORAR mais qualquer coisa, mas fico sempre meia aéria e não me ocorre mais nada de momento.
No programa de hoje: dar uma volta pela blogosfera e ir dar os parabéns atrasados à Teté (sorry, não vi a tempo...), plantar a minha roseira trepadeira, amarelinha, cor do sol, (pelo menos é o que vem no pacote), semear os Áster (parece que se chamam Sécias, em português...) e as 'Boca de Leão', para encher a minha varanda de cor no Verão, e o Mangericão, para dar o toque final a saladas e pastas. Que bom que é o raça do mangericão!!!
Depois, almoço no Chinês com a família, e, dado que está agora a chover a potes (definitivamente, os meus sapatinhos novos vão ficar no armário), não me ocorre nada mais interessante para fazer do que ver o Prison Break até ao lanchinho, e depois lambuzar-me com o bolo de ananás que a minha mummy me prometeu! Miam, miam!! E depois rezar para que o Sporting ganhe ao Vitória de Guimarães e não me vá para 5º ou 6º. Paulo Bento, rapazes de verde listados, vá lá, caraças, faço anos hoje!!!
Bom, meninos, não há bolo virtual, nem festa oficial, mas, se quiserem partilhar a alegria de viver e celebrar este dia como mais um em que estamos vivos (e menos um que nos falta para a reforma):
Grande beijo para todos!

quinta-feira, 6 de março de 2008

While you were sleeping

É sempre bom chegar a casa depois de mais um dia de trabalho mais ou menos inútil, ligar a televisão e deparar-me com esta pérola.
Já vi este filme umas cinco vezes, tantas quantas as passagens pelos vários canais, mas é daqueles filmes que, por mais que já saibamos o que se vai passar, nos prende pela sua ternura e optimismo.
Suponho que muitos de vós conheçam o filme, apesar de este não ser o cartaz original. Achei esta foto do par romântico mais adequada. Além disso, o Bill Pullman é sempre um regalo para os olhos, e neste poster aprecia-se melhor a sua... hum... aura de actor (right, é mesmo isso que nos interessa!!! ;))
Lucy (Sandra Bullock) é uma mocita que trabalha na bilheteira da CP local e que só sonha em viajar para Florença. Um dia, assiste a uma agressão a um passageiro (o Peter), e salva-o de morte certa ao tirá-lo dos carris da linha, para onde o tinham atirado. Resulta que no hospital, há uma confusão e ela acaba por se ver intitulada de 'noiva' do Peter, que amnésico, não se lembra da nada, e ter de jogar o jogo, porque, como ela tão bem explica no final do filme, passou de uma pessoa extremamente só, que só tinha o gato e um vizinho bizarro com quem interagir, a uma pessoa integrada numa família ( a de Peter ) a filha, irmã, neta, noiva... Obviamente, ao longo do filme aparece o irmão de Peter, Jack, que acaba por apaixonar-se por ela, e vice versa. Mas como não quer roubar a noiva ao irmão, não lhe confessa o que sente, e ela, insegura, acha que ele não gosta dela. Burros!!!
No meio de encontros e desencontros, a cena de antologia do filme é aquela em que aparece a pobre Lucy, já depois de confessar ser uma impostora acidental, de regresso ao seu guichet da estação, a recolher moedas em troca do carregar do botão da cancela de acesso... muito triste, nem olha para o que lhe cai no receptáculo... e quando estende a mão... tcharam!!! é um anel de noivado, e o Jack (com a família toda por trás) a olhar candidamente para ela.
No final: casaram e foram para Florença. Chuif, chuif... (sim, chorei, pela quinta vez. E então??)
Já agora, quais serão as probabilidades: passo metade da minha vida em comboios e metros... haverá algum cavalheiro que se disponha a ser assaltado e atirado para a linha, para que eu o possa salvar e conhecer o irmão dele? Tem é de ter um irmão parecido com o Bill Pullman. Ou com o Viggo Mortensen, vá, para não ser muito exigente...Muito grata!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Agradecimento tardio...



Estou a dever a esta menina um agradecimento formal pela distinção com que me brindou há uns dias , e que afixei, com grato prazer, na minha barra lateral. Sinto-me honrada com esta tua escolha, Carracinha, e ainda que, mais uma vez, tenha alguma dificuldade em expressar-me, tu sabes que eu gostei muito. Mais do que ser 'premiada', é gratificante a sensação de escrever coisas que vão tocando, de uma ou outra forma, as pessoas que me visitam, e que não me conhecem, mas que acabam por fazer parte do meu quotidiano, e nas quais já penso fora do âmbito da blogosfera, quando vejo ou ouço alguma coisa que me faz pensar nelas, automaticamente. Exemplos vários: quando ouço música clássica, lembro-me de uma pessoa. Quando olho para as minhas plantas, de outra. Se passo na Mango, revejo um certo vestido que alguém me mostrou... são uns flashes engraçados estes que se têm com pessoas que nunca vimos fisicamente, mas de quem já dificilmente nos conseguimos desligar.

Por isso, faço questão de agradecer sempre, e colocar no meu espaço os prémios que entendo que são dados com fundamento, e não só porque sim, ou para publicitar o seu próprio blogue e aumentar a estatística de visitas. Sei que há muitas pessoas que optam por não o fazer, por um ou outro motivo, o que percebo perfeitamente quando os visitantes são muitos e as nomeações ferozes. Mas eu, enquanto puder, vou dar sempre o devido destaque ao gesto que teve quem me atribuiu um mimo. Acredito que parte do prazer de dar é saber que a oferta foi aceite com um sorriso de agrado, e assim sendo, faço a minha parte para que a pessoa entenda que o seu gesto foi importante para mim. Ó p'ró meu sorriso de orelha a orelha, Carracinha!!!

terça-feira, 4 de março de 2008

Back to Reality - part One

Balanço da Neve e actualização dos danos físicos e materiais




Hello!!! Estou de volta...




Ainda entorpecida pelo choque do regresso à vidinha diária, e em pleno expediente, como convém, aqui ficam algumas considerações sobre os últimos dias de férias.




Tinha decidido que não voltaria a aventurar-me com os rapazes, mas como eles prometeram a pés juntos que só íamos fazer pistas azuis, deram-me a volta com uma grande pinta, e lá fui para o alto da montanha. Mas não me correu bem a vida...vejam pois:


Rauf: hey, malta, a pista azul é já ali atrás...


(imaginem a malta a skiar através de uma planície, na galhofa)


Safira: (a tentar vislumbrar algo de semelhante a uma pista azul): ó Rauf, tens a certeza? Não vejo nada...


Rauf: Não vês? Então estão ali as bandeirinhas azuis...


Safira (contente): ah, pois estão! Boa!!! Yuppie, não vou partir o pescoço!



Alguns metros à frente, os rapazes param. Safira, a tótó, não percebe muito bem porquê, mas segue-os quando eles viram, muito calados, para outra direcção. Safira, a tótó, só cai na real quando se chega à beira de um declive quase a pique, coberto de gelo, e percebe que tem de passar por ali.



Safira (em negação): não, não, não, isto não é uma pista vermelha horrível...


Rauf: a azul está fechada...a gente não sabia. Pá, anda lá, é fácil...Faz assim...



E zuca!! desaparece, deixando-me plantada no cimo da encosta, com um ataque de pânico a formar-se-me nas entranhas... e o Bruno, placidamente à espera que eu me decidisse a mexer.



Corajosa, (foi mais por não ter outra saída, mesmo) lá fui descendo, de lado. Resvalando e caindo... malhei duas vezes, uma proeza, porque, segundo os testemunhos posteriores dos gajos 'era uma vermelha muito agressiva'. Ficamos todos felizes, mas eu cá queria fazer só azuis!!!!!!



Continuamos... obviamente que estávamos completamente fora da rota azul, pelo que continuamos numa vermelha, mas menos agressiva, ao que parece... Foi nesta que eu perdi o rumo e para voltar para a pista, que diga-se de passagem tinha mais feno e terra do que neve, tentei uma manobra inteligente: agarrar-me à estaca de sinalização que marca a pista de 100 em 100 metros, e aproveitar o impulso para mudar de direcção. Pois... não me correu bem a vida de novo... consegui mudar de direcção, como queria, mas vim com a estaca na mão. Parti aquela porcaria toda!!! Acham isto normal??? Os rapazes só se riam!!! E eu, que entretanto caí redonda no chão, sem perceber muito bem como é que parti uma placa de ferro só com a força do meu micro pulso, muito chorosa, a pensar se sim ou não deveria ir entregar-me e confessar o meu homicídio ao comissariado das placas sinalizadoras de pistas de ski. O rauf rosnou-me um 'não sejas parva', e lá seguimos. A corta mato, literalmente. Até desembocar noutra pista. VERMELHA, claro!!! Por esta altura, eu só queria mandar-me para o chão e morrer, mas com o tráfego de snowboarders alucinados que por ali passava, achei que ia ser uma morte dolorosa e que mais valia levantar o rabo, deixar de ser maricas e começar a descer. E lá fui, descendo... e só caí uma vez!!! Desemboquei num teleférico que nos levou até ao paraíso das pistas azuis, por onde deambulamos alegremente até à hora de almoço. Depois, desci mais uma azul avermelhada sem cair! E, finalmente, fiz batota e regressei de carro para Pas de la Casa. Não quero exagerar, mas seguramente fizemos umas dezenas de kms, a skiar. A menina estava, literalmente, de rastos!


E assim se passou o último dia... foi muito fixe. A paisagem do lado de lá é de facto fabulosa.



Pas de la Casa não é uma estância bonita, mas a alguns kms existe uma vilazinha chamada Soldeu, que é muito mais típica, e não tem a confusão de lojas que tem Pas de la Casa. E tem pistas mais fáceis. Deixo a dica para quem queira ir espreitar esses lados. Foi só isto de que gostei menos, o aspecto demasiado comercial do meio envolvente. E também não são muito simpáticos. Aliás, são umas bestas, mesmo! Especialmente os franceses, com muita pena minha. De resto, passei umas super férias!


E assim se encerra a minha primeira crónica do regresso. Para breve, a saga dos transportes comuns em Lisboa quando caduca o estúpido cartão Lisboa Viva. Surreal!...