sábado, 24 de julho de 2010

There's a new kid in town

E como uma cadela e três gatos não chegavam, agora temos cá este.




Ladies and Gentlemen, I give you...(rufar de tambores)...
Nero Augusto
nobre cruzado de Castro Laboreiro, com cerca de um ano.
Estava no abrigo da Bianca (associação que recolhe animais abandonados) há três dias, depois de ter sido amarrado a uma árvore com uma corrente. Nós estávamos lá para a iniciativa mensal do 'Vamos passear o cão', que mais não é do que dar alguns momentos de felicidade aos bichinhos, levando-os a passear à trela. E pronto, foi amor à primeira vista. Não sabemos a história dele, mas deve ter sido triste. Não deixava que se aproximassem dele, de tão assustado estava. Foram precisos uns bons minutos de 'conversa' para o convencer a deixar-se acariciar, mas quando ele se deu, foi como se sempre tivesse estado à nossa espera. Ainda esperou lá quase dois meses (não tínhamos a casa pronta). Fomos buscá-lo hoje. Está cá em casa há quatro horas. Dorme o sono dos justos, num chão que já não é de areia e poeira. Já tomou a bela banhoca. Estou à espera que acordem, ele, e mais o dono, para irmos dar um passeio grande para ele começar a conhecer a zona. E depois é dar-lhe comidinha boa para lhe por carne nos ossos, e esperar que ele goste de estar connosco.
Como é que foi recebido pelos gatinhos? O pior possível, malcriadões cheios de mimo que são. Nádia bufa-lhe como um gremlin possesso e corre atrás dele. Boris assumiu o mode 'estou três vezes o meu tamanho e ando todo arqueado e bufo-te se te aproximas, Demónio Negro!'. Já Gato Gil cheirou-o e pensou 'és grande, mas não me assustas', bufou-lhe uma vez (noblesse felina oblige) e foi esticar-se ao sol.
E Sasha Margareth? Essa está com uma crise de ciumeira, como seria de esperar. O pobre cachorro não se pode mexer que ela rosna qual Godzilla enfurecida. É que sete anos de diferença já fazem mossa: ele quer brincar, ela quer mais é que a deixem em mode foca. Agora, por acaso, estão ambos em mode foca (ele em mode elefante marinho, mesmo), e reina o sossego, mas avizinham-se tempos interessantes...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Por falar em mudanças...


O Castelo de Sesimbra, em todo o seu esplendor.
Via-o da janela, assim tal qual. De frente, altaneiro e imponente. Hoje, já não o vejo bem assim. Bem sei que ando a adiar a consulta de oftalmologia há uns tempos, mas não se trata aqui de falta de visão. Apenas de alteração de perspectiva geográfica. Vejo-o já não de frente, mas de lado. E de mais perto. De muito mais perto. Troquei os gritos das crianças mal educadas do 2º esquerdo e os cheiros de choco assado, mais a bisbilhotice dos vizinhos, pelo sossego das colinas, a verdura e o canto dos melros ao entardecer. Tenho aranhas por todo o lado, bichos de conta com fartura que me entram não sei por onde, e o ex libris: um casal de osgas obesas, Clarisse e Asdrúbal, que moram por cima do telheiro da entrada, e sua cria Gabriela, emancipada, e habitante do muro da garagem. Ontem apareceu uma nova, mais tímida e mais magrita, a quem decidi chamar Julieta. Não me deixaram dar-lhe carne picada. Achei mal. O bicho está claramente subnutrido! ( Se eu as consigo mesmo distinguir? É claro que não. Mas acho mais simpático abrir a porta da rua e dizer 'cá está a Clarisse', mesmo sendo o Asdrúbal, do que me ficar por um lacónico 'está aqui a osga gigantesca de novo'. Acho que os bichos apreciam a deferência, pronto. Assim, talvez fiquem quietas o tempo suficiente para eu conseguir uma foto, e, com sorte, também se abstenham de me fazer uma visita domiciliária mais íntima. Gostamos de osgas e lagartixas, desde que se mantenham no quintal. Sossegaditas, vá).


Não posso deixar de pensar constantemente na maravilhosa Karen Blixen e no seu inolvidável Out of Africa. Olho lá para fora, para o céu imenso e estrelado, e penso logo nos violinos da canção tema da banda sonora. Uma das minhas preferidas, já aqui o disse muitas vezes. Ainda não tive foi tempo para colocar o CD e ir lá para fora emocionar-me no meu novo cenário. Estou a anticipar. E sou paciente. Há-de ser no momento certo.

I had a farm in Africa
, dizia ela. Eu tenho um quintalzinho em Portugal, e já estou muito satisfeita :)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Do horror

Foi o meu primeiro dia no desterro para onde o accionista, cuja adequada adjectivação me absterei de reproduzir, por urbanidade e cortesia (e medo de represálias, vá), nos enviou.
Pese embora veja árvores muy belas da minha janela de um solarengo primeiro andar, e pese embora o relvado do edifício em frente seja bonito e aprazível, e não se ouvir senão o chilrear de um ocasional passarinho, não consigo perceber o entusiasmo dos meus colegas. Seguramente, se eu morasse em Algés ou Oeiras e pudesse ir almoçar a casa, aí talvez entendesse a grande vantagem de trabalhar em Carnaxide. Ah...Carnaxide, essa bela localidade. De certeza que muita gente foi - e é -, feliz em Carnaxide. Não me incluo no lote. Eu estive hoje em Carnaxide pela primeira vez e encontrei-me lá inacreditavelmente infeliz. Eu gosto de árvores, relva e pássaros, mas convenhamos que, tendo isto tudo mal ponho um pé fora de casa, afigura-se-me estúpido apresentarem-me esse tipo de argumentos para eu achar que sou a mulher mais afortunada do mundo por ter sido enviada para essa terra do demo. Especialmente quando isso me custa duas horas de trajecto. Quatro por dia no total. Convenhamos que há árvores mais perto, não? Não preciso apanhar três transportes colectivos para ver árvores, pois não? Hell, eu tenho árvores!!! Minhas. Em casa. Portanto, quanto aos argumentos botânicos se calhar guardamo-los para quem se impressione com isso.
Mas vá, nem tudo é mau. Tenho de ser justa, há coisas melhores que na Avenida da Liberdade. Senão vejamos, a casa de banho das meninas, por exemplo, já não fica dentro da sala da contabilidade. Não que os colegas que lá moravam andassem a monitorizar os nossos tempos de permanência ou a frequência das visitas, mas pronto, há um certo pudor em saber que a dois passos da porta está o M. No novo escritório, pelo contrário, a casinha fica longe dos gabinetes. Muito, muito longe. Ao fundo de um infindável corredor. Tão infindável que coloquei um lembrete para uns dez minutos antes de ficar mesmo aflita, para garantir que chego a tempo de não ter nenhum acidente pelo caminho. Estou também a reduzir o consumo de água, pelos mesmos motivos.
Outra vantagem de estar em Carnaxide é conhecer muitas pessoas. De muito perto. É de louvar o serviço de socialização que a Vimeca presta à população. Hoje, por exemplo, pude estudar de perto a dinâmica do membro da plebe ensonado e a suavidade da cadência que imprimiu ao seu reboludo corpo enquanto roncava interiormente. Digo interiormente porque não consegui ouvir nada por causa do barulho do motor do autocarro. Vimeca, se me lês, já era de renovar a frota.
Se há coisas piores do que trabalhar a duas horas de casa? Há, com toda a certeza. Digamos que o meu mau feitio é apenas da saturação à série de bocas parvas que tenho ouvido, entre as quais as dos tais colegas rejubilosos que se gabam de ir almoçar a casa. Ou da outra colega bem intencionada que me diz 'deixa lá, tens mais tempo para ler'. Eu por acaso até conheço outro verbo, que rima com ler, e pode ser igualmente lúdico, que podia aconselhar a quem me diz estas coisas. A minha religião não permite, mas quem quiser adivinhar está à vontade.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Muita parra, pouca fruta!

Tenho para mim que, quando Newton viu a sua famosa maçã cair da árvore não se preocupou muito em saber o seu estado de conservação ou das suas relações com a outra maçã da árvore. A maçã caiu, Newton concluiu uma série de coisas que agora não interessam para nada, foi para casa pensar um pouco, e só depois publicou a sua Lei de Gravitação Universal. Foi a queda da maçã, e não o fruto em si, que o levou a reflectir sobre os efeitos da força de atracção dos corpos. Tenho para mim que Newton não foi procurar saber se o fruto estava bichado ou não porque deve ter pensado, e bem, que isso era de somenos importância.
Tenho para mim que o senhor J.E. Bettencourt devia preocupar-se menos com o fruto João Moutinho e mais com a moléstia geral de que parece padecer aquele balneário, moléstia essa que vinga graças à incúria dos responsáveis. Em última instância, o próprio J.E.B, que já provou ,em diversas ocasiões, ter muito pouco jeito para a fruticultura. Tenho para mim que devia fazer como Newton: ir para casa e reflectir. Não falar, que só lhe saem moscas da fruta da boca para fora. Caladito, a pensar. E só voltava a Alvalade com um sulfatador automático. Começava por ele, para dar o exemplo, e ia por aí fora, Director Desportivo incluído (e com direito a duas pulverizações) até ao roupeiro, decerto o menos culpado, mas só para não se ficar a rir. Tudo a levar com o belo do sulfato para matar o bicho.
Metáforas parvas à parte, vamos lá ver se nos entendemos: o João Moutinho está, como todos nós, a fazer pela vida. Quem está mal, muda-se. Se Alvalade não lhe serve, ó meu caro, por quem sois, ide à vossa vida. Se o Sporting não lhe serve, nós, sportinguistas também não o queremos lá a fazer frete. Que lhe faça bom proveito o FCP, embora o azul não seja, de todo, a melhor cor para o seu tom de pele. É lá com o moço. Assuma-se isto com graciosidade e sem insultos. Não se vem a público falar de fruta podre. Ainda que tenha razão, ainda que João Moutinho tenha sido incorrecto, a fazer fé no que se diz, ainda que não seja normal um profissional fazer birra e 'ai que não jogo, ai que não sei quê', um Presidente não pode, enquanto representante do clube, envergonhar o incauto adepto, que teve educação em casa, e quase se engasga com o pedaço do bife quando ouve as suas declarações. Gosto de jantar sem ter de me preocupar em ficar estrafegada a espernear e esperar que alguém me aplique a manobra de Heimlich (embora eu saiba como aplicá-la a mim mesma, que tenho um curso de três horas em primeiros socorros. Yuppi hey hey, foi a minha formação profissional toda do ano passado aqui na empresa)
Portanto, tenho para mim também que se o João Moutinho é uma maçã podre no balneário, também há por aí um grande abacaxi putrefacto sentado na cadeira da direcção! Bom bom era sair também. E de caminho dar boleia ao Director Desportivo.
Não há pachorra!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

E como já tenho pouco com que me preocupar...

Agora vou ter de arranjar maneira de fazer uma destas:

Não tendo assim de repente tempo para ir buscar uma igual aos States, resigno-me a babar e a copiar daqui, enquanto me vou interrogando uma e outra vez sobre o porquê de não ser rica. É uma interrogação que me assalta amiúde.

Depois mostro como ficou (partindo do princípio de que consigo acabar o projecto conservando os dedos todos).