Não, de todo. É evidente que não estou satisfeita com as novas medidas de austeridade. Porquê? É simples: porque estão a ir buscar ao sítio errado, como sempre. Não será com certeza ao bolso do funcionario público que se deve ir à procura da panaceia para todos os males. E continuo a achar que só não vê quem não quer ver onde estão as entropias deste país. E não estarão todas na máquina estatal de Sócrates, mas de certezinha absoluta. Mas é fácil culpar o Sócrates, ele e só ele, por todos os males do mundo (alguém acredita que seria diferente se fosse o Jerónimo ou o Coelho ou o Portas a governar, alguém acredita mesmo que faz a mais pequena diferença? Vá lá, a sério... O que se passa é muito maior do que uma cor, do que uma ideologia, do que um governo. Um que seja, que pudesse ter evitado a situação caótica em que se encontra esta Europa toda, vá lá que estou muito curiosa em saber que super ser seria esse que conseguiria levar um país preguiçoso, é isso mesmo, preguiçoso e muito pouco previdente, a fazer lembrar a cigarra de LaFontaine, a passar incólume por uma crise que abala as estruturas de super países como a França e a Alemanha. Não estou aqui a fazer apanágio da política do PS, não sou filiada, nem tão pouco me pagam para defender ninguém, não concordo com tudo o que vendem e não gosto particularmente de vários personagens da rosa, mas não me lixem! Não me lixem, que eu também não vou ser poupada nos impostos, aliás até acabei de pagar um escândalo de IMI e, sim, estou globalmente mal disposta à conta disso. Mas não me façam fazer zapping em cinco canais diferentes para ter mais do mesmo todos os dias. Sim, porque eu, contrariamente a uma certa corja de oportunistas, dou o litro todos os dias. Não ando aqui a coçar-me, mesmo que ache que ando a trabalhar para o boneco. Não. Eu trabalho efectivamente. Não ando a receber sem fazer nenhum, contrariamente a uns e outros que aparecem aqui quando o rei faz anos, ocupados que estão a botar faladura política cheios de moralidade nesses canais de TV que eu tenho de pagar. Por isso, o mínimo que peço é chegar a casa e não ter de ouvir gente tótó a debitar alarvidades quando fazem parte do mesmo sistema que criticam. Gente que já lá esteve, e também não se saiu lá grande coisa mas que tem memória curta; gente que andou a brincar aos soldadinhos de chumbo e agora tomem lá um tridente por 500 milhões de euros, nós que temos tantas missões bélicas, está bem de ver, e que miamos tanto contra o TGV, em que por acaso até o comum cidadão pode sentar o rabo e dar algum uso para ir concluir um negócio a Espanha e aumentar o Pibezito, contrariamente ao estúpido submarino, que só vai ficar a mofar numa doca (e até aposto que o contrato de manutenção vai aumentar o Pib, sim, mas dos alemães, está-se mesmo a ver). Perco-me na minha indignação, raios partam... dizia eu que...what the hell, já não sei, mas não faz mal. Eu, que tenho justificação para me queixar, porque garantidamente não sou eu que tenho culpa do que se passa já que cumpro a minha parte com honestidade, não ando a viver de subsídios de que não preciso, felizmente, nem me endivido como se não houvesse amanhã, para depois andar a chorar que não consigo pagar o cartão de crédito, nem vou entupir os tribunais com questõeszinhas da conta da Tmn que não foi paga, enquanto os crimes fiscais da alta finança vão prescrevendo. Eu, que tenho justificação para me queixar porque as vacinas dos meus gatos vão aumentar, porque vou ter de fazer mais contas ao tempo que estou debaixo do chuveiro, porque se calhar vou passar a comprar ainda mais marcas brancas do que já compro, não vou aos saltinhos para o Marquês de Pombal protestar sem saber porquê, porque o que é bom é ganhar muito sem fazer nenhum, que trabalhar é bom para os otários. E também não vou toda pipi para a televisão cascar veementemente, mas sem mostrar que sei fazer melhor. Eu continuo a achar que não se lava a roupa suja quando o mundo todo está a ver. Por isso, não era pior a malta não perder de vista a prioridade deste país, que é a de reerguer-se (se ainda for a tempo), e preocuparem-se com os egozinhos depois. E daqui a uns tempos há eleições de novo e arranja-se um digno sucessor no papel de mau da fita e podem deixar o Sócrates em paz. Mas agora, pelo menos reconheçam-lhe a coragem de engolir um gigantesco sapo nas medidas que apresentou. Aposto que ele também não gostou de dar o dito pelo não dito, e olhem, afinal temos pena, mas temos de aumentar impostos. É evidente que isso lhe vai custar as próximas eleições ( justa ou injustamente, fica ao critério de cada um). Agora, porra, não há outra maneira de resolver, pelo menos para já. As simple as that! Todos os outros estão a fazer o mesmo, é só ler a imprensa estrangeira. Aceite-se, e siga-se em frente, caramba! Aprenda-se e faça-se melhor daqui para a frente.
Prontos, 'tou, 'tou irritada. 'Tou farta desta história. Gaita!