sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Palavras para quê?



Esperando por melhores dias...

(ai, jasus, ca nervos, ca nervos!)


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Do atendimento a clientes ou pormenores de qualidade de uma subserviência a que alguém devia começar a prestar atenção


Aproveitando uma reunião de fim de tarde em Lisboa e o facto desta se ter realizado mesmo em frente a uma loja que não me paga para fazer publicidade e que por isso não nomearei ( mas cujo nome começa por ‘M’ e acaba em ‘o’ e tem ‘ang’ no meio), resolvi entrar em busca de um trapinho elevador do astral soturno com que andamos todos. Fui percorrendo a loja, sem grande entusiasmo, confesso, porque me irrita solenemente a moda feita para gajas sem curvas, e a proliferação daquela miséria que são as calças justas, as tais das skinny ou do slim fit, que só fica bem a mulheres anoréticas que só comem ervilhas. Eu, que graças a Deus!  era capaz de matar por uma boa pasta e que exibo orgulhosamente essa característica na pernonga e no rabiosque, não posso usar essas coisas. Quer dizer, poder, posso. Até mais do que muitas texuguitas camufladas que se enfiam nos slims e se esquecem que a banhoca sai toda por cima e andam a fazer figuras tristes como se fossem anunciantes humanos da Michelin. Eu cá sou muito prática: não me favorece, não uso. Moda ou não moda.

No meu périplo, reparei em dois senhores africanos, espojados num banquinho, rodeados por duas jovens assistentes da dita loja. Achei o cenário tão exótico (homens na tal loja foi coisa que nunca vi, nem na secção masculina, por sinal muuuuuuito fraquinha) que me pus a observar discretamente, fingindo-me fascinada por uma gabardinas por ali penduradas. Então a conversa era a seguinte:

  - Não, más o que eu queria mêsmo éra uma coisa mais gárida, que elas pudessi pôr uma bijútaría beránti, e um sápato di sálto alto.

Percebi então que os senhores africanos estavam na verdade a fazer um shopping para donzelas ausentes  e que as assistentes da loja andavam a esvaziar prateleiras para lhes satisfazer os desejos, como se estivessem num atelier de luxo. Como achei aquilo tudo muito pindérico,  larguei as gabardinas e deixei os senhores africanos na vida deles e fui provar umas calças. Ficavam bem, embora alguém deva explicar à tal loja que a mulher portuguesa não mede normalmente 1,80 m e que escusam de fazer pernas daquele tamanho para depois chegarmos a casa e termos trabalho de as cortar. Obviamente, esta vossa amiga recusa-se a pagar para que lhe façam bainhas nas lojas. Sou forreta? Deixá-lo. Era o que mais faltava ficarem-me com o dinheiro da peça, da alteração da peça e ainda com o tecido cortado!

Pego nas minhas calcinhas e lá vou para as caixas. Estava uma pessoa a ser atendida. Passado um bocado, já depois de ter cheirado os perfumes todos e ter olhado depreciativamente para as bijutarias ali penduradas para tentar os incautos, comecei a prestar atenção ao que se passava à minha frente: uma operadora passava freneticamente os artigos que outra lhe ia passando de um gigantesco monte. Uma terceira estava por ali, suponho que a dar apoio moral. Curiosamente, só aquela caixa estava aberta. Depois de ver passar 3 horrendas calças leopardo, percebi que o monte enorme era dos senhores africanos e que a jovem loura à minha frente devia ser a desgraçada da assistente deles, a quem tinha calhado na rifa ficar na loja a pagar a conta. Comecei a olhar fixamente as assistentes, a ver se alguma percebia que havia vida para além dos paralelos 4 a 18. Ignoraram-me olimpicamente, apesar de eu estar muito visível com a minha gabardina vermelha, por acaso até comprada naquela mesmíssima loja, há dois anos atrás. Ora eu sou boazinha, mas não gosto de ser ignorada. Ia começar a barafustar quando me apercebi de que estavam a  fazer subtotais. O primeiro foi de €995. O monte por passar fazia dois do já passado... Olhei para as minhas calças de €19,90 e percebi que nem que eu fosse a Diana de Gales ressuscitada conseguiria chamar a atenção daquelas almas.  Fui por as calcinhas no sítio de onde as tinha tirado e saí ostensivamente da loja, com a firme intenção de não voltar lá mais. Mas estou arrependida, que devia ter feito reclamação. As moças, coitadas, estavam atrás da comissão. Percebo isso. Respeito isso. O que não percebo é desrespeito por outro cliente pagante. Não teria ficado mal abrirem uma caixa para os outros clientes pobrezinhos, cujos rendimentos vêm de trabalho honesto e  não têm proventos de diamantes ou armas ou luvas de empreitadas e não andam a pavonear-se pelas lojas de Lisboa como se fossem a última coca cola do deserto. Irrita-me solenemente esta atitude reverencial ao santo tostão dos paralelos 4 a 18 .  Santa paciência. Tendes dinheiro, ide à 5ª avenida que é muito mais fino, não andeis a entropiar a vida de quem só quer comprar umas calças, senhores! 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Fumo branco no Lumiar

Parece que habemus treinador.

 Ladies and gents, I give you....

(rufam tambores, arrulham pandeiretas)

Franky Vercauteren!!!! 
(visualizem por favor o cartaz do 'bater palmas e gritar com muito entusiasmo')


Tem assim umas semelhanças um pouco rebuscadas  com o Viggo Mortensen, o que é sempre bom do ponto de vista desta vossa amiga. 

Em termos de carreira, pois que me lembro do mocinho na Selecção Belga (que, como se sabe, fica sempre muito bem colocada nas competições mundiais e europeias), e até creio que tenho lá para casa um cromo dele na minha caderneta dos mundiais ou europeus. Fui googlar mais e fiquei a saber que tinha uma alcunha fofinha: 'Le petit prince'. Gosto. Eu, que tenho a mania das aristocracias e continuo a achar que Napoleão Bonaparte faz parte da minha linhagem remota, gosto de ver gente com títulos à frente do Sporting. É bonito. E também deve ser o único título que vamos ver este ano, mas isso agora não interessa nada.
Não sei se é um grande treinador, nem se é o treinador indicado para o Sporting. Sei que é um treinador, e que tem o meu apoio, o que, como toda a gente sabe, já é meio caminho andado para lhe correr bem a vida. Estou satisfeita. E até vos digo mais: depois de não conseguir dormir durante os dois dias em que se dava o Couceiro (wtf????? mais do mesmo?) como certo, até podia vir um Godzilla  traveca que eu ia achar lindamente. É assim que andamos.

Não sei porque é que não convidaram o Godinho Lopes para o governo; também é tão iluminado que só se estragava uma casa. 




terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ele há gente que não tem grande amor à vida



Isto foi o que a cara metade - benfiquista fajuto, que nem liga à bola a não ser para me chagar o juízo-, achou por bem enviar-me por email, esta manhã.
E depois admiram-se da escalada dos casos de violência doméstica. 

Dito isto, até eu já me rio. Godinho, Godinho, já ias mas é de carrinho!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

EXTRA! EXTRA! Dois perigosos terroristas detidos em Sesimbra City, na noite de sexta feira.



  

Nero Augusto, aka, a Sombra Maléfica e Nikki Aurora, agora conhecida pel' a-que-não-partia-um- prato-e-bem-nos-enganou, foram, na passada sexta feira, formalmente acusados de vandalismo e profanação de solo sagrado. Pendem ainda sobre os dois  facínoras três acusações de homicídio em primeiro grau na forma tentada e uma acusação de homicídio qualificado na forma tentada e conseguida.  Os actos, não testemunhados mas deduzidos com elevado grau de certeza, após aturada investigação na cena do crime, foram perpetrados com requintes de malvadez, tendo resultado na destruição de parte do jardim zen da proprietária, Safira Maria. Ainda em choque no momento desta entrevista, Safira Maria foi incapaz de proferir declarações inteligíveis, limitando-se este repórter a relatar que a proprietária se encontrava pálida e combalida quando foi encontrada a tentar reanimar a, até agora, única fatalidade do pérfido ataque, o Escovilhão, carinhosamente apelidado de Árvore Pompom

Como seria a vítima mortal, se não tivesse selvaticamente
assassinada
Encontram-se ainda em estado crítico, o Abacateiro Joe e Fidelia, a Camélia, cujos prognósticos  continuavam reservados à hora do fecho desta reportagem. 
Escaparam com ferimentos ligeiros, duas espécies de arbusto,  cuja identidade não foi divulgada. Sobreviveram, incólumes, os malmequeres e  três roseiras.


Para além da perda de vidas, há a lamentar avultados prejuízos materiais, sendo necessário substituir dois vasos partidos,  terraplanar o terreno e recuperar ou substituir o equivalente a duas sacas de casca de pinheiro soterradas sob um camadão de terra, que os escroques espalharam no processo de escavação de um gigantesco buraco.

Os meliantes, que de imediato se entregaram sem oferecer resistência, encontram-se neste momento com termo de identificação e residência, e saídas limitadas. Foi-lhes suprimida a dose de festas diárias e não lhes é dirigida a palavra desde o fatídico evento. Em declarações a este repórter, A-que- não- partia- um prato declarou estar arrependida e ter sido coagida por Sombra Maléfica, que alega não se recordar do acontecido.  Estão em curso investigações para determinar se Sombra Maléfica poderá ter agido sob acção de psicotrópicos provenientes de uma flor de Datura, encontrada  parcialmente mastigada no local. Interrogada sobre a existência de uma árvore com propriedades alucinógenas na sua propriedade, Safira Maria recusou prestar mais declarações, fechando-nos a porta com um lacónico 'vocês sabem lá o que é a minha vida!' 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O demo voltou...

E quando pensávamos que a crise deprimia tudo e todos e matava todo e qualquer processo criativo, eis  que José Rodrigues dos Santos nos vem salvar do marasmo  com um livro sobre...a crise!  Seguramente encontrará uma forma original de dizer que a culpa disto tudo é dos malandros dos mercados financeiros (ou do Sócrates, se der mais jeito a quem estiver a ler) e fará com que o seu fabuloso action man, Tomás Noronha, aka master do universo dos seres supremos cujo intelecto superior a todos ofusca, nos arraste, comuns mortais ignorantes e indignos,  num turbilhão de (in)esperadas e brilhantes deduções intelectuais e pungentes dilemas morais do estilo 'papo a sueca de fartos seios, não papo a sueca de fartos seios?'.

Sim, Tomás Noronha voltou. Lamentavelmente, só se vai embora 592 páginas depois. 

Aqui o porquê de eu não suportar este 'indevido'. Que eu não odeio gratuitamente as pessoas. Não todas.

Uma última palavra para aqui agradecer publicamente à grande amiga que, sabendo da solene embirração que sinto por este senhor, fez questão de me enviar este convite para o lançamento. Estou sensibilizada. A sério. Obrigada, do fundo do coração, MJ. É que eu achava que ia ter uma tarde de sábado chata, com as compras de fim de semana e a limpeza da casa. E agora, só de pensar na alternativa que me propões, sinto-me a doméstica mulher mais feliz do mundo. E até calha bem ter de levar os gatos à vacina, não fosse despachar-me a tempo de ainda assistir à sessão de autógrafos e sentir-me tentada (NOT!).

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Aviso já que o post abaixo é resultado de exposição prolongada a conversas da tanga durante a hora de almoço


Querido debitário,
 
Mais um momento de elevação durante a hora de almoço aqui no desterro de Carnaxide.
Fiquei a saber (sem contudo ter perguntado) que o Bruno, da 'Casa dos Segredos', foi apanhado a cheirar coca. Não conheço o Bruno,  mas invejo-lhe a sorte. Deve ter bons contactos que lhe conseguem drogas a sério. Eu própria, à falta de melhor,  já olhei aqui com ar guloso para a minha bisnaga de UHU. Só não dei sequência ao acto porque dava demasiado trabalho explicar um tubo amarelo acoplado ao nariz. Pode haver colegas mais sensíveis, e eu não quero chocar ninguém. É também por isso que eu ainda não abri os pulsos com o saca agrafes, coisa que me apetece fazer umas dez vezes por dia. Mais, dependendo das tarefas para saguis retardados que me venham a cair na mesa durante o dia. Não o faço porque é lixado tirar manchas de sangue de alcatifas e a D. Elvira já deve ganhar uma miséria; não vou ser eu a dar-lhe trabalho extra, muito menos agora que só recebe mais 25% por  hora. 
Por isso, Bruno, se me lês: todos nós temos os nossos dramas e as nossas grilhetas diárias. Não desesperes, rapaz. Eu sei que deves estar fartinho de estar aí fechado com esse desfile de putéfias e broncos 24/7 , mas olha que estás aí sossegadito, comes de graça, não te levantas às seis da manhã para ir trabalhar, não sabes o que é o OE para 2013, nem que o Sporting está há três semanas  a pedinchar pretty please a ver se alguém o vem treinar. Tens aí um casulinho onde nada se passa, onde ninguém te chateia. Não precisas de coca para nada, homem!  
Por isso podias deixar-te de merdas e mandar-ma para cá, sim?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O que eu gostava de ter uma sopeira


A sério. Adorava. 
Se eu tivesse uma sopeira, tinha-a mandado a ela ir buscar os meus padrinhos ao expresso ontem. Tinha ela carregado com trinta kgs de marmelos, alheiras e figos, mais um saquito de castanhas, e vá, roupa para três dias, divididos entre seis ou sete malas e maletas. No comboio da Fertagus. Em hora de ponta.
Também teria sido ela a passar meia hora de rabo para o ar a apanhar os sacos de plástico que os gatinhos decidiram sacar do sítio e espalhar pela cozinha, ao chegar a casa às dez da noite. Mas só teria feito isso depois de apanhar os cacos do meu rico copo Coca Cola, ganho com o a absorção de calorias extra numa promoção MacDonald’s, que os gatinhos, num acesso de furiosa loucura, também acharam por bem mandar para o chão. Seguramente para os sacos de plástico não se sentirem sozinhos. E, claro, teria sido a sopeira a apanhar uma crise de nervos a correr atrás do cão, mato adentro, com o belo sapatinho de salto alto, porque o quadrúpede resolveu aproveitar o passeio e,  qual Indiana Jones em busca de algo perdido na noite, sumir-se no capim. Teria sido ela a fazer figura de tresloucada  a berrar ordens vãs a um cão que, descubro-o agora, só pode ser surdo.

E é isto a minha vida.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Desta vez é a sério que vou escrever aqui todos os dias. Digo eu, com convicção.


Ando farta de gastar dinheiro em agendas e caderninhos para registar os meus gloriosos momentos do dia. Era uma batalha perdida à partida; se já conseguir lavar os dentes e por o creme reboco de fachada antes de adormecer é um feito monumental para quem chega a casa estoiradinho como eu, tenho lá cabeça para escrever no caderninho o que me aconteceu nesse dia. Ainda comecei, pois comecei, mas as três últimas entradas, de há meses atrás, dizem: ‘dia estúpido no escritório, não me lembro de nada relevante’. Ora, eu garanto-vos que não tendo uma vida glamorosa e excitante como a Rita Pereira ou as tontinhas do Fama Show, ainda vou fazendo qualquer coisinha que me alegra a existência. Não tenho é ânimo para contar porque ando ocupada a ganhar dinheiro para depois dá-lo ao Gaspar. Mas, rejubilai! Decidi fazer como aquele mocito precoce que aos 13 ou 15 anos já era médico (não, criaturas, não é o Relvas, é aquele que agora faz de Barney, tarado sexual convertido na muy divertida série How I met your mother) e anotava os seus pensamentos profundos no pc.  Se eu tivesse um IPAD até podia ir fazendo isso no comboio, mas lá em casa há quem não acredite no poder do tablet e ainda estou à espera... e agora depois do frigorífico novo acho que vou sentar-me confortavelmente durante uns anos meses.
Vou, portanto, inaugurar uma nova rubrica neste espaço, que oportunamente terá um nome e essas coisas todas, para dar azo aos meus pensamentos diários. Se isto já era um mundo bizarro, não garanto nada daqui para a frente. Mas poderão ler pérolas como esta:

‘Querido blog, 

O momento alto do meu dia laboral foi ajudar um colega a arrumar as compras que o Jumbo veio entregar. Hesitei na escolha do ponto alto laboral do dia, porque também gostei bastante da pausa para a cenoura, que foi aliás a razão pela qual perdi o autocarro das 17:15. Contrariamente a Marcelo Rebelo de Sousa, neste blogue acredita-se que não é fashion andar a comer cenoura na via pública.’

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pega Rabuda

Nao vá o incauto leitor pensar que eu estou a falar desta fulana...





...e apesar de também ter encontrado a 'minha' pega à beira da estrada...
... informo que o post é sobre a ave.
Esta ave.




O propósito do post é mesmo registar este momento solene em que, pela primeira vez em 32 anos, avisto esta ave na margem sul do tejo. Bom, também nunca a avistei noutra margem de outro qualquer rio em Portugal. Na verdade, nunca cá tinha visto nenhuma. Sei que as há, e que pessoas mais dotadas do que eu até as conseguem fotografar e tudo, mas para mim foi uma primeira vez. Ruidosa e entusiasticamente celebrada, para susto do meu pobre sogro (que felizmente não sofre de patologia cardíaca) e confirmação inequívoca da  forte suspeita de que a nora não joga com o baralho todo. 
Mas, ainda que a minha sanidade mental tenha ficado irremediavelmente maculada, o avistamento já ninguém mo tira. E como a malta do forúm de aves que frequento passa a vida na rua à cata de pássaros e observa 130 espécies por dia e seguramente até vê aves enquanto dorme, e teria uma reacção do género 'ah, sim, uma pega rabuda...e atão? eu cá vi três dódós na semana passada', prefiro um público mais fácil e confio nos poucos resilientes que ainda me vão lendo para rejubilar comigo. Vamos lá, todos a uma só voz: Viva a pega rabuda da Safira! 

(Salvo seja. Embora de carnes também não me possa rir muito da outra monga da primeira foto. Ai de mim, que nem a elíptica me vale (é certo que ajudava se eu fizesse mais de dez minutos por mês, mas isso agora são permenores...)).






sexta-feira, 12 de outubro de 2012

E quando eu julgava que já nada me poderia chocar

Lisboa, oito e meia da manhã. Leio o meu Metro enquanto aguardo o autocarro da Vimeca com o ar conformado de quem não nasceu efectivamente rico e tem de trabalhar a 50km de casa para ganhar a vida senão depois o governo não tem a quem roubar cobrar. Sou perturbada na minha leitura por três miúdas que se cumprimentam ruidosamente. Mau! Tento em vão concentrar-me mas é impossível não ouvir as três púberes gralhas. Tento continuar a leitura com banda sonora até que se me acaba o jornal. Autocarro, nem vê-lo. Resigno-me e começo a prestar mais atenção à conversa das criaturas. Até porque nem eu nem as trinta pessoas mais próximas temos qualquer alternativa, que as criaturas estão a falar como se estivessem sozinhas no mundo. Tudo é dito  clara e audivelmente, de onde eu estou até ao fim da fila. Mal seguro o queixo quando me começa a chegar aos ouvidos o relato da desastrosa performance de um mocinho, namorado de uma das cromas, que sofreu um episódio de disfunção erectil   resolvido, a duras penas, com muitos 'beijinhos' (não me perguntem onde). Pensava eu que o horror teria acabado por aí; enganei.me. O pobre moço teve mesmo uma noite azarada: parece que, quando finalmente conseguiu começar o acto, acabou depressa demais. O que não pareceu incomodar muito a rapariga que, aparentemente, tem muito apetite e queria era 'despachar a coisa para ir jantar'. O que veio a acontecer, ainda com o rapaz (que, by the way, jurou que 'aquilo nunca lhe tinha acontecido'), e culminou na oficialização do namoro. Sim, porque antes (da badalhoquice) ainda não eram um 'couple, couple'. Agora parece que já são. Olha que bom, ficámos, eu e os outros trinta ouvintes involuntários, tremendamente comovidos! Estivemos para dar vivas, e fazer uma mini onda, sei lá, mas entretanto chegou o 7 e o momento perdeu-se. Mas tive pena, palavra que tive, que a abnegação da rapariga, incansável nos detalhes e generosa na partilha, merecia o nosso apreço.

Ah, já me ia embora sem congratular a mãe da criatura: parabéns, cara senhora,  fez um excelente trabalho nos últimos 22 anos; tem aí uma menina que é um mimo de princípios e discreção! E, já agora, um pequeno conselho: Rapaz da alegada disfunção eréctil e ejaculação precoce, se me estás a ler: não te preocupes, que isso acontece a qualquer um, e até se trata e tudo. Mas tu acorda, puto. Queres mesmo estar com uma maluca aluada que te vilipendia numa paragem de autocarro e informa  o mundo dos teus momentos menos felizes e dos teus momentos de alegria precoce, sem pudor nem sensibilidade por ti, que até diz que és namorado dela? Faz-te mas é à vida, que arranjas facilmente mais gira (muito, muito mais gira), menos rodada  e menos língua de trapos. E com amigas menos parvitas, também. Pira-te, pira-te, enquanto podes!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Nobel da Literatura

Como não conheço o senhor chinês que ganhou este ano, tentei informar-me sobre a sua obra. Aparentemente escreveu um livro com o sugestivo título 'Peito Grande, Ancas Largas'. À primeira vista, tanto poderia ser um tratado sobre a mulher oriental em tudo o que ela não é como uma biografia não autorizada da Nigella Lawson. Preparava-me portanto para começar a falar do que não sei e começar a mandar vir com os critérios para atribuição destas coisas do nobél e tal, mas antes de dizer asneira fui ler a sinopse do livro. Pois que afinal é uma história mais ou menos séria de sobrevivência e até me despertou algum interesse, apesar de ter ali um ou outro detalhe bizarro; parece que o filho da heroína era viciado no leite da sua mãe. O que estaria bem, se fosse um gorducho bébé. Fiquei com a ideia de que não seria, e que seria um marmanjo já com idade para ter juízo. Complexo de édipo ou autor tarado? Who the hell knows, mas em suma, WEIRD!!!!. 
O certo é que me lixou o post. Agora tenho de passar para o Plano B e dizer mal do Saramago, que, como toda a gente sabe é o pior autor português logo a seguir ao José Rodrigues dos Santos (que já vai no deécimo livro, sabe-se lá por que razão). E, agora que ninguém nos ouve, especialmente o meu Prof. de Teoria e Metologia Literária, o Memorial do Convento é INTRAGÁVEL! 

Mas, e para não dizerem que nunca se aprende nada aqui (o que é um facto já estabelecido, mas mintam-me que eu não me importo), aqui fica a lista dos últimos 15 laureados.  Dos 15 só conheço o Llosa e o traidor de Lanzarote. Não sei se me deva sentir mesmo burra ou se isto me passa se me filiar no PC...(agora fui má, mas pronto. China e Saramago...assim de repente foi o que me ocorreu...)

2012: Mo Yan (China)
2011: Tomas Tranströmer (Suécia)
2010: Mario Vargas Llosa (Peru-Espanha)
2009: Herta Müller (Alemanha)
2008: Jean-Marie Gustave Le Clezio (França)
2007: Doris Lessing (Grã-Bretanha)
2006: Orhan Pamuk (Turquia)
2005: Harold Pinter (Grã-Bretanha)
2004: Elfriede Jelinek (Áustria)
2003: J.M. Coetzee (África do Sul)
2002: Imre Kertesz (Hungria)
2001: V.S. Naipaul (Grã-Bretanha)
2000: Gao Xingjian (França-de origem chinesa)
1999: Gunter Grass (Alemanha)
1998: José Saramago (Portugal)
tirado daqui







segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Desnorte

Godinho Lopes é para o Sporting o que o Governo é para o país: um desastre. Um e outro não sabem, literalmente, o que andam a fazer. Num e noutro caso, a impotência que sinto é quase dolorosa. O meu único consolo é que pelo menos o Sporting não me vai descaradamente ao bolso.

Temo que a saída para estes dois dramas nacionais seja a mesma: um pelotão de fuzilamento. Lamentavelmente,  não tenho formação em armas de fogo.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Já avisei lá em casa que, a partir de hoje, não se fazem horas extra nem se faz por merecer prémios de produtividade. Eu não tenho esse problema, que prémios aqui, desde que mudou o patrão, também é coisa que não se tem visto, o que compreendo perfeitamente, que os barcos e os carros não se sustentam sozinhos, mas a cara metade ainda trabalha num sítio onde isso faz sentido para a motivação das tropas. Eu gostava de perguntar ao amigo PPC e ao séquito de abutres que traz com ele, se o melhor que conseguiram para aumentar a produtividade e a excelência laboral  é dizer às pessoas que metade do que elas receberem a mais, via empenho e sacrifício de tempo livre, vai direitinho para as garras deles. Vocês, não sei, mas eu cá não tenho contrato assinado com o PSD. Temos uma peninha do catano! 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Já não sei o que fazer com este governo

Fico feliz pelos funcionários públicos e pensionistas que recuperam um dos subsídios retirados este ano, palavra que fico. Mas preferia que isso acontecesse sem me virem roubar a mim, muito obrigadinha. Sinto-me assim a Madre Teresa da Ibéria Sul à força.