segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

De volta à civilização - o anticlímax

Devia estar bastante feliz com o regresso a Lisboa, mas isso era se as coisas tivessem corrido bem. Não correram, e há várias coisas com as quais não estou satisfeita, a saber:

a) o calor humano. Somos oito, num open space com 40 m2. Os meus cães têm mais permilagem do que eu, razão que me faz invejar-lhes grandemente a sorte neste momento. 
b) o calor tecnológico. No nosso open space, para além dos referidos oito macacos (onde me incluo, obviamente, pois só um símio amestrado tem este nível de exiguidade de espaço), temos dois aparelhos de ar condicionado, um dos quais a 20 cm das minhas costas (o que decerto me vai valer uma valente pneumonia, o que é bom, porque assim amortizo os meus créditos na Seg.  Social), uma plotter de desenho industrial que faz scritchhhhch scritchhhh scritchchhhhh e ainda uma impressora de rede (que ainda não sei se funciona, mas a minha preocupação com o facto é de somenos porque eu tenho uma só para mim)
c) a insonorização. Ora muitos dos meus dilectos leitores já terão testemunhado na TV o troar de uma debandada de búfalos ou gnus, na savana africana. Pois eu tenho esse espectáculo sonoro a toda a hora no andar de cima. É que cada passo que se dá no primeiro andar (que não é, é o rés do chão porque isto, já disse 36 vezes, é uma cave) reverbera ampliado à milésima até nós, os pequenos saguis engaiolados. 
d) a inexistência de condições para almoçar condignamente. Não sei, serei eu que sou esquisita, mas faz-me alguma confusão um micro-ondas entalado entre uma copiadora e um fax (que não funciona, de qq forma). 
e) não contente com  tudo isto, ainda me perderam a minha cadeira de pele... tenho o meu real posterior sentado numa cadeira de sala de espera de consultório de terceira categoria, o que acho deveras desprestigiante e desconfortável.

Começo a pensar que o poder ir almoçar ao buffet japonês aqui perto é capaz de ser a única coisa positiva desta mudança, e ao fim de uns quantos almoços é capaz de ser um bocado curto para compensar. 
Mas não me queixo (muito). Estou convencida que no verão será bastante pior. 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Curto e grosso


E qual a ocasião? Mais outra greve do metro. E o que é que acontece quando há greve do metro? Encontro o Relvas. Percebem, agora?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Bye Bye Vimeca. E já vou tarde!

Tenho uma dor de alma que nem vos conto. E tenho andado à espera até poder desabafar com a certeza de que a informação que nos deram era verdadeira. Constava, já há uns tempos, que o patronato tinha revisto em baixa a ideia peregrina que teve há dois anos e meio, quando nos recambiou do centro de Lisboa para esta bela localidade de Carnaxide, onde nem o Malato deve ter sido feliz que isto é uma pasmaceira que não se pode. Escusando-me a especular sobre a razão para mais uma mudança de instalações - ( já são oito - sim, oito, but who's counting! Eu digo-vos quem é que está a contar, sou eu, a mula que anda há 10 anos nisto, de A para B, de B para B+ , daí para C, de C para D e depois para E e logo a seguir para D de novo, mas pronto, do 2º para o 6º, e depois para F para voltarmos para C outra vez, mas do 2º para a cave (cave, não, perdão, piso 0 (não pode ser apelidado de "cave", que o patrão não gosta, apesar de ser inequivocamente uma cave, o que deduzi pelo facto de ter de descer a escada quando entro no edifício, mas devo ser eu que sou brega e não percebo nada disto)- limito-me a informar o mundo e arredores que a partir da próxima semana (não sei bem quando, claro, isso seria informação pertinente a mais para nós, principais interessados) vou regressar à civilização.  Esta é a boa notícia. A má notícia é que vou deixar de perder meia hora da minha vida num autocarro da Vimeca, A5 acima, A5 abaixo. Estou devastada com isso, claro. É que 'tou aqui que nem sei com o desgosto que tenho de deixar de gastar trinta euros em passe e nunca mais ter de passar 35 minutos à espera do autocarro seguinte quando algum colega ranhoso ( e com viatura de função, claro) me pede alguma coisa inopinada dez minutos antes da hora de saída, o que aprecio bastante, especialmente em dias de chuva quando ficamos todos (os desgraçados utentes) encafiados numa paragem sem protecção. Não deixa de ter a sua beleza a subúrbia toda numa comunhão de tiritação solidária. E é ver-nos a dar pulos de contentes quando o 7 aparece. Pulos pequeninos, claro, que no inverno pára-nos a circulação depois de meia hora ao frio, mesmo uns em cima dos outros. Gostei muito, palavra que sim. Mas vai acabar. OHHHHHHHHHHHHHHHHHH! E é toda esta incomensurável perda do contacto humano na paragem do sete que me tem pesado na alma. Mas não podia contar antes de ter a certeza. Agora que já passamos a manhã toda a desviarmo-nos de senhores  com armários e mesas às costas, creio que a decisão é definitiva. Mas é um supor, que isto aqui é como o PPC, de manhã é branco e à tarde já é tinto.

Só tenho mesmo pena de deixar a árvore que tenho ao lado da janela  e onde, de quando em vez, me aparecia um destes


 (toutinegra de barrete preto, se alguém quiser saber. 
Somos pela informação, contrariamente a certos e determinados ministros da pandilha laranja). 

Agora,  se quiser ver pássaros na hora de almoço,  vou ter de andar um pouco até aqui



ou aqui, se estiver com menos tempo e quiser só subir a rua num instantinho


E também posso ir aqui ( já tenho de pagar qualquer coisinha para entrar mas vá, um dia não são dias)


E PRONTO. ERA ISTO QUE EU QUERIA DIZER: ESTOU EXTREMAMENTE CHATEADA POR  TER DE VOLTAR PARA LISBOA! :) :) :)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Deus odeia-me. É um facto.

Quero agradecer novamente aos sindicatos do Metro o organizarem greves à socapa que me obrigam a andar meia hora a pé por essa cidade fora. Estou hoje particularmente grata, dado que, para além de ter queimado algumas calorias, ainda tive o prazer de encontrar (novamente) o nosso ministro Relvas no seu jogging matinal. Já é a segunda vez, olha que sorte que eu tenho. Vá lá que hoje não me vinha de calções (graças a Deus ) nem esboçou o sorriso pepsodent com que me brindou no ano passado, quando ainda não era o ministro mais desacreditado de todos os tempos, e se achava a última coca cola do deserto. Hoje o olhar subreptício e apressado que me deitou deixava a interrogação no ar: "será que ela tem uma arma no bolso?". Pois, lamentavelmente, não. Não sabia que ia ter oportunidade para a usar. Foi pena.

E pronto, é isto a minha vida. Agora digam-me: eu mereço levar com o Relvas às oito da manhã? 
Tal como disse, Deus odeia-me! 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

As coisas que eu andei a perder esta semana

Uma pessoa está uma semana reclusa por causa da introdução do renascimento na escultura portuguesa, que é uma coisa estupidamente fascinante, diga-se de passagem, e quando recomeça a ver notícias fica pasma. 

Ora pois, apelo à caridade dos meus fieís leitores: alguém me explica que escândalo é este à volta da tal de Pépa não sei das quantas que parece estar a ser massacrada por querer uma mala Chanel? Então mas uma pessoa já não pode ser uma consumista fútil, agora? É lá com ela, deixai lá a rapariga. O meu desejo para 2013 também é muito egoista, e então? Isto não é um concurso para as misses, pois não? Não temos de ser todos politicamente correctos e fingir que só queremos a paz no mundo, pois não? Na realidade até me parece uma lufada de ar fresco no meio de tanta hipocrisia. E, embora ache a mala um terror (eu e a Chanel não somos muito próximas, que tenho pouco tempo (€) para socializar com ela), se a rapariga quer gastar 2000 ou 3000 euros numa coisa pavorosa que faz o mesmo efeito que uma qualquer não Chanel com fecho em condições, é lá com ela. Se não estiver a receber rendimento de inserção, abono de família, ou outra coisa qualquer que sejam os meus impostos a pagar, é para o lado que durmo melhor. E agora a pergunta para um milhão de dólares: e isto foi notícia porque...?



terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Jeff Buckley - Hallelujah



E isto é o que eu vou cantar quando o Godinho Lopes e o Jesualdo forem com os porcos!

É que se estava mesmo a ver

Já disse aqui várias vezes (bom, pelo menos uma) que o Godinho Lopes está para o Sporting como o Passos Coelho para Portugal. A minha teoria é justíssima: num e noutro caso estamos clara e irremediavelmente a caminhar para o abismo. Eu acho que ambos os personagens deviam ser homenzinhos e tomar a iniciativa de se chegarem ali ao Cabo da Roca e exemplificar in loco como é que isso se faz.

Vem isto a propósito de quê? Pois que da minha firme convicção que o Godinho Lopes é o anti cristo enviado pelo Pinto da Costa, com que intuito não sei, mas há-de haver um plano maquiavélico em marcha que não é normal, por Deus!, não é normal que um gajo que se diz Sportinguista celebre contratos e protocolos com a concorrência e se agache a receber jogadores de quem nunca ninguém ouviu falar em troca de um touro como o Izmailov (que só joga, quando quer, é verdade,e que já devia ter sido corrido há muito tempo, mas que é o nosso touro. Nosso e de mais ninguém em Portugal). Não é normal que um gajo que se diz do Sporting coloque o Sporting quase como clube satélite das Antas. Acho mal, com todo o respeito que tenho pelos portistas, epá, mas há coisas que não mixam. Eu sou como o Salazar, orgulhosamente sós etc e tal, e prestar vassalagem ao Pinto da Costa, deixem lá estar, obrigadinha. Epá, desculpem lá,  não sou adepta do "a qualquer preço" e se o Sr. Godinho Lopes não sabe, não há almoços de graça, muito menos com o Pinto da Costa. És estúpido ou só muito, muito débil mental? É assim uma dúvida que eu tenho...
E, POR DEUS!, QUE RAIO FOI ISTO COM OS MANAGER TREINADORES???? É NORMAL QUE SE ESTEJA  SEIS SEMANAS A ESCOLHER UM TREINADOR, SE VÁ BUSCAR UM FLAMENGO DE TRÁS DO SOL POSTO E MENOS DE TRES MESES DEPOIS SE MANDE O HOMEM EMBORA???? NÃO. E PARA LÁ PÔR QUEM???? O INFILTRAS JESUALDO! SEREI EU QUE SOU ESTÚPIDA OU MAIS ALGUÉM ACHA QUE UM GAJO QUE É DO BENFAS E QUE FOI CAMPEÃO PELO FÊQUÊPÊ NÃO É GAJO  PARA ESTAR NO SPORTING??????? MAIS ALGUÉM ACHA ISTO TUDO UMA MONUMENTAL PALHAÇADA?




quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Se ouvirem falar de um homicídio em massa numa repartição de Finanças à beira mar

Não procureis mais longe. Fui eu. Quereis saber porquê? Prometo que é good stuff!


Terminei o meu ano de 2012 com o envio de uma carta para as Finanças, a reclamar da avaliação do meu apartamento. Depois do choque inicial, fui analisar os dados que constavam da comunicação. Por algum motivo obscuro, o avaliador decidiu aumentar-me a permilagem de 20 para 24, grosso modo o que corresponde a mais uma divisão. Era bom, mas não. Fiz também mais umas investigações adicionais: a vizinha do 1ºESQ, que tem uma area igual (mais um metro menos dois metros) à minha, e uma permilagem de 20, teve uma avaliação de menos 20 mil euros do que eu. Não 200 euros, não 2000 euros. 20 000 euros. Já o meu vizinho do lado direito, que tem mais uma assoalhada e uma permilagem de 24 (começam a ver o Willy, certo?) teve uma avaliação igual à minha. Qual a conclusão que uma pessoa moderadamente inteligente, nada de física quântica, uma quarta classe basta, tira assim de repente? Há um erro de avaliação. O técnico enganou-se. Ou “enganou-se”. Um dos dois. Seja como for, tenho mais 20 mil euros de património que não correspondem à realidade. Facto que reportei, muito solicitamente, ao sr. Chefe do Serviço de Finanças, apontando os erros de facto (permilagem errada) e os factos acessórios (avaliações de outras duas frações do mesmo imóvel). Qual a conclusão que uma funcionária das finanças tirou, e partilhou comigo por telefone no primeiro dia (útil) do ano? Não tenho razão nenhuma e ainda tenho um problema de atitude! 
Deixo-vos uma súmula do diálogo:

Srª das Finanças: Não estou a perceber a sua reclamação. (mau sinal...)
Eu: hum...Qual das partes em que eu digo que há um engano?
Srª das Finanças: A parte em que reclama. Porque não estou a perceber o que está a reclamar. Porque a permilagem não influencia em nada a avaliação (ai não? Bom saber que os dados que as Finanças colocam na demonstração de cálculo não servem para nada). O que influencia é a área e a idade do prédio.
Eu: Certo. Mas se a permilagem está errada, as áreas estão erradas. (digo eu, assim de repente...)
Srª das Finanças: Mas a senhora não reclama das áreas... (ARGGHHHHHH)
Eu: reclamo do que posso factualmente comprovar, donde os anexos que enviei. O que eu não posso comprovar é porque é que o vosso técnico decidiu colocar as áreas que colocou, por isso se calhar era interessante o técnico rever os dados em que se baseou para fazer a avaliação. Porque quando ele olhar bem, vai perceber que se enganou e avaliou outra fracção qualquer.
Srª da Finanças: Mas nós não temos aqui os dados do seu imóvel (OH MEU DEUS!!!!!!)
Eu (confesso que já a perder a paciencia): Como não tem dados???? Então fizeram a avaliação com base em quê? 
Srª das Finanças: com base nas plantas que a Camara nos enviou.
Eu: Então tem dados!!!!! É isso que estou a contestar, usaram dados errados!
Srª das Finanças: Não estou a perceber a sua atitude. Eu não tenho essa atitude. Eu não pretendo entrar em conflito, estou só a tentar ajudar. (é, o Fisco é conhecido pela sua bondade e altruismo...)
Eu: E eu agradeço. A sério que sim, mas eu tenho a atitude de alguém que está a ser vítima de um engano de mais de 20 mil euros e que reclama com toda a legitimidade e que apresenta provas e que ainda assim está a ser colocada em causa. A avaliação está errada. Ponto. Eu não tenho como calcular áreas brutas dependentes porque não sei como foram calculadas, e não posso contestar uma coisa que não sei de onde apareceu. Por isso não reclamei das áreas. Está implícito. O que eu pretendo  é que o técnico reveja os dados, porque não foi buscá-los ao sítio certo. É isso a minha reclamação: há um engano na fracção avaliada. Não é a minha. A minha é igual à da vizinha do 1esq. que tem um valor patrimonial de menos 20 mil euros. É isto que tem de perceber. Quero uma avaliação semelhante à da minha vizinha, que tem um andar IGUAL ao meu, só que dois pisos abaixo!!!! É por isso que mostro a Sisa, onde consta o valor patrimonial inicial, que, por acaso já foi ajustado umas 3 vezes, vá-se-lá saber porquê, porque vocês fazem o que vos apetece e nao comunicam nada a ninguém, a permilagem, as cadernetas prediais, (que, incidentemente, alguém alterou sem o meu conhecimento!e já agora colocavam-me o Bloco correcto, porque isso de certeza que também induziu em erro. Se pedem plantas de blocos errados, a coisa não pode correr bem, não é???????? É só isto, não é atitude nenhuma, quero é que revejam a avaliação porque ELA ESTÁ ERRADA E O PREJUIZO É MEU!
 Srª das Finanças: Continuo a não perceber essa sua atitude (ó filha, o Dr. Phil é nos States, não tenho tempo para gerir estados de alma, resolve-me, mas é o problema e cala-te, ok?). Vamos fazer assim: esqueça que eu fiz o telefonema. Porque eu só queria ajudar o contribuinte e já vi que não vale a pena (WHAT THE FUCK????????? PEÇO IMENSA DESCULPA DE A INCOMODAR AO ATENDER A SUA CHAMADA. E ONDE ESTAVA EU COM A CABEÇA AO RECLAMAR UMA AVALIAÇÂO MAL FEITA. MIL PERDÕES!). Vou dar seguimento ao assunto e depois informamos. 
Click.
Eu: ... (epá, whatever!)

E é isto o país que temos. É este o típico funcionário by the book que não só não sabe ler e ainda assim se acha o 'super sumo' pedagogo, instruído para se focar nas absurdidades mais básicas para não colocar a santa entidade patronal em questão e continuar a lixar a vida a quem, só por acaso, até lhes paga parte do ordenado.  Mas eu sou forte. E resiliente. Já tenho em marcha a obtenção de plantas e ando à procura de um tutorial para aprender a calcular áreas brutas e áreas dependentes para pegar em mim e ir explicar em pessoa que eles não fazem ponta de corno de ideia o que andam a fazer ali, mas que escolheram mal a gaja a quem chatear no primeiro dia do ano.

Tal como disse, se ouvirem falar de um homicídio em massa numa repartição de Finanças à beira mar...