Não procureis mais longe. Fui eu. Quereis saber porquê? Prometo que é
good stuff!
Terminei o meu ano de 2012 com o envio de uma carta para as Finanças, a
reclamar da avaliação do meu apartamento. Depois do choque inicial, fui
analisar os dados que constavam da comunicação. Por algum motivo obscuro, o
avaliador decidiu aumentar-me a permilagem de 20 para 24, grosso modo o que
corresponde a mais uma divisão. Era bom, mas não. Fiz também mais umas
investigações adicionais: a vizinha do 1ºESQ, que tem uma area igual (mais um metro menos dois metros) à minha, e
uma permilagem de 20, teve uma avaliação de menos 20 mil euros do que eu. Não
200 euros, não 2000 euros. 20 000 euros. Já o meu vizinho do lado direito, que
tem mais uma assoalhada e uma permilagem de 24 (começam a ver o Willy, certo?)
teve uma avaliação igual à minha. Qual a conclusão que uma pessoa moderadamente
inteligente, nada de física quântica, uma quarta classe basta, tira assim de
repente? Há um erro de avaliação. O técnico enganou-se. Ou “enganou-se”. Um dos
dois. Seja como for, tenho mais 20 mil euros de património que não correspondem
à realidade. Facto que reportei, muito solicitamente, ao sr. Chefe do Serviço
de Finanças, apontando os erros de facto (permilagem errada) e os factos
acessórios (avaliações de outras duas frações do mesmo imóvel). Qual a conclusão que
uma funcionária das finanças tirou, e partilhou comigo por telefone no primeiro
dia (útil) do ano? Não tenho razão nenhuma e ainda tenho um problema de atitude!
Deixo-vos uma súmula do diálogo:
Srª das Finanças: Não estou a perceber a sua reclamação. (mau sinal...)
Eu: hum...Qual das partes em que eu digo que há um engano?
Srª das Finanças: A parte em que reclama. Porque não estou a perceber o que
está a reclamar. Porque a permilagem não influencia em nada a avaliação (ai
não? Bom saber que os dados que as Finanças colocam na demonstração de cálculo
não servem para nada). O que influencia é a área e a idade do prédio.
Eu: Certo. Mas se a permilagem está errada, as áreas estão erradas. (digo
eu, assim de repente...)
Srª das Finanças: Mas a senhora não reclama das áreas... (ARGGHHHHHH)
Eu: reclamo do que posso factualmente comprovar, donde os anexos que
enviei. O que eu não posso comprovar é porque é que o vosso técnico decidiu
colocar as áreas que colocou, por isso se calhar era interessante o técnico rever
os dados em que se baseou para fazer a avaliação. Porque quando ele olhar bem,
vai perceber que se enganou e avaliou outra fracção qualquer.
Srª da Finanças: Mas nós não temos aqui os dados do seu imóvel (OH MEU
DEUS!!!!!!)
Eu (confesso que já a perder a paciencia): Como não tem dados???? Então
fizeram a avaliação com base em quê?
Srª das Finanças: com base nas plantas que a Camara nos enviou.
Eu: Então tem dados!!!!! É isso que estou a contestar, usaram dados
errados!
Srª das Finanças: Não estou a perceber a sua atitude. Eu não tenho essa
atitude. Eu não pretendo entrar em conflito, estou só a tentar ajudar. (é, o
Fisco é conhecido pela sua bondade e altruismo...)
Eu: E eu agradeço. A sério que sim, mas eu tenho a atitude de alguém que
está a ser vítima de um engano de mais de 20 mil euros e que reclama com toda a
legitimidade e que apresenta provas e que ainda assim está a ser colocada em causa.
A avaliação está errada. Ponto. Eu não tenho como calcular áreas brutas dependentes
porque não sei como foram calculadas, e não posso contestar uma coisa que não
sei de onde apareceu. Por isso não reclamei das áreas. Está implícito. O que eu pretendo é que o técnico reveja os dados, porque não foi buscá-los ao sítio certo. É isso a minha reclamação:
há um engano na fracção avaliada. Não é a minha. A minha é igual à da vizinha do 1esq. que tem um valor patrimonial de menos 20 mil euros. É isto que tem de perceber. Quero uma avaliação semelhante à da minha vizinha, que tem um andar IGUAL ao meu, só que dois pisos abaixo!!!! É por isso que mostro a Sisa, onde consta o valor patrimonial inicial, que, por
acaso já foi ajustado umas 3 vezes, vá-se-lá saber porquê, porque vocês fazem o
que vos apetece e nao comunicam nada a ninguém, a permilagem, as cadernetas
prediais, (que, incidentemente, alguém alterou sem o meu conhecimento!e já
agora colocavam-me o Bloco correcto, porque isso de certeza que também induziu
em erro. Se pedem plantas de blocos errados, a coisa não pode correr bem, não
é???????? É só isto, não é atitude nenhuma, quero é que revejam a avaliação porque ELA ESTÁ ERRADA E O PREJUIZO É MEU!
Srª das Finanças: Continuo a não
perceber essa sua atitude (ó filha, o Dr. Phil é nos States, não tenho tempo para
gerir estados de alma, resolve-me, mas é o problema e cala-te, ok?). Vamos fazer assim: esqueça que eu fiz o
telefonema. Porque eu só queria ajudar o contribuinte e já vi que não vale a
pena (WHAT THE FUCK????????? PEÇO IMENSA DESCULPA DE A INCOMODAR AO ATENDER A SUA CHAMADA. E ONDE ESTAVA EU
COM A CABEÇA AO RECLAMAR UMA AVALIAÇÂO MAL FEITA. MIL PERDÕES!). Vou dar
seguimento ao assunto e depois informamos.
Click.
Eu: ... (epá, whatever!)
E é isto o país que temos. É este o típico funcionário by the book que não
só não sabe ler e ainda assim se acha o 'super sumo' pedagogo, instruído para se focar nas
absurdidades mais básicas para não colocar a santa entidade patronal em questão
e continuar a lixar a vida a quem, só por acaso, até lhes paga parte do
ordenado. Mas eu sou forte. E
resiliente. Já tenho em marcha a obtenção de plantas e ando à procura de um
tutorial para aprender a calcular áreas brutas e áreas dependentes para pegar
em mim e ir explicar em pessoa que eles não fazem ponta de corno de ideia o que
andam a fazer ali, mas que escolheram mal a gaja a quem chatear no primeiro dia
do ano.
Tal como disse, se ouvirem falar de um homicídio em massa numa repartição de Finanças à beira mar...